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Comunicação estratégica: o elo entre cibersegurança e a alta gestão para fortalecer a proteção digital das organizações

Por: Rodrigo Bocchi

Fundador e presidente da Delfia, curadoria de jornadas digitais, Rodrigo Bocchi foi country manager da Econocom Brasil - que fazia parte do grupo francês Econocom - até 2022. Em 2020, a Econocom decidiu focar suas atividades em cinco países europeus: França, Itália, Bélgica, Reino Unido e Espanha. O executivo, enxergando o seu potencial e assumindo os riscos, fez uma oferta de compra da operação brasileira da companhia. A negociação foi fechada e a parte local da empresa foi adquirida por ele que, após o rebranding, originou a Delfia. Rodrigo Bocchi comanda um time com mais de 520 colaboradores e um portfólio de 250 clientes. Seu perfil empreendedor e de liderança possibilitou o crescimento da empresa com o desenvolvimento de uma universidade corporativa, que busca disseminar o conhecimento e propiciar o crescimento na carreira. Com visão ampla de mercado, o executivo tem um olhar atento voltado à inovação, com habilidades para conhecer novas ferramentas e tendências que despontam fora do país para levar essas tecnologias para dentro da Delfia e trabalhar na sua aceleração. Entre os diversos projetos e operações que participa, sempre busca construir laços de confiança com colaboradores e proporcionar a melhor experiência para clientes. O profissional tem um background voltado para a área financeira: é graduado em Ciências Contábeis e conta com MBA Executivo. Teve passagens executivas pelo ABN-AMRO Bank, Ernst & Young e Light.

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No universo corporativo atual, em que os incidentes cibernéticos se tornaram cada vez mais frequentes e impactantes, a cibersegurança deixou de ser um assunto exclusivamente técnico para se tornar um tema estratégico e de negócio. Arrisco dizer que o verdadeiro diferencial das organizações mais resilientes a ameaças está na qualidade da comunicação entre os especialistas de segurança e os tomadores de decisão.

Laptop com ícone de cadeado digital na tela, gráficos impressos e smartphone sobre a mesa.
Imagem gerada por IA.

A segurança digital só se sustenta com alinhamento aos objetivos do negócio, e isso exige mais do que ferramentas: exige uma comunicação contínua, ativa e eficaz dos times técnicos e da alta gestão. Esse diálogo começa pelo entendimento da cultura da empresa e do nível de risco que ela está disposta a assumir. A partir daí, construir pontes com o board se torna menos um exercício de convencimento e mais um trabalho de parceria.

Transformar linguagem técnica em valor

Um dos grandes desafios da área de segurança é traduzir riscos e vulnerabilidades em indicadores compreensíveis e relevantes para o board. O uso de KPIs, dashboards visuais e projeções de impacto são ferramentas valiosas e tangíveis para o que antes era percebido apenas como custo. Mostrar o risco, convergir com a reputação da empresa e converter em decisões estratégicas fortalecem a proteção digital das organizações.

Esse esforço também serve para mudar a percepção de que segurança é sinônimo de despesa. Quando falamos em cifras, o board naturalmente enxerga como gasto. Por isso, é essencial demonstrar o que será perdido em caso de ataque. Mostrar a dor antes que ela se torne doença crônica.

Tomada de decisão e reputação digital

A credibilidade das empresas, hoje, está em jogo a cada novo incidente cibernético. Em contextos de crise, a resposta rápida depende de uma arquitetura de comunicação fluida e bem estruturada, que permita decisões assertivas em pouco tempo: canais claros, análise técnica contextualizada e decisões bem-informadas evitam prejuízos operacionais e danos reputacionais.

A capacidade de resposta depende, também, da qualidade das fontes de inteligência utilizadas. Se há tecnologia, há necessidade de inteligência confiável. Projetos de cibersegurança precisam ser vendidos ao board com base em dados, fontes e riscos reais, sempre contextualizados ao negócio.

O futuro da cibersegurança é colaborativo e estratégico

Segundo o Gartner, até 2026, 70% dos conselhos de administração exigirão que a cibersegurança seja formalmente integrada à estratégia organizacional, não mais tratada como função de suporte. Esse dado reforça uma tendência inevitável: a segurança digital será cada vez mais parte do core business.

Uma certeza é evidente: não há segurança digital sem comunicação eficaz. A relação entre o time de tecnologia e a alta liderança precisa ser construída com empatia, planejamento e linguagem comum. Entender as metas da empresa, os desafios do setor e os objetivos de longo prazo permite que a segurança deixe de ser um fim em si mesma e passe a ser um habilitador do sucesso do negócio.