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Golpes no Pix: para prevenir, cibersegurança, educação digital e financeira são indispensáveis

Por: Alan Chusid

Alan se graduou em Administração de Empresas pela ESPM. É um dos cofundadores do Neon, um dos principais bancos digitais do Brasil, do qual foi Diretor Comercial & Negócios. Antes do Neon, Alan fundou uma empresa de tecnologia focada em logística chamada Speedyboy. Anteriormente, ele trabalhou como trainee na Andrade Gutierrez e no mercado financeiro na divisão de Asset Management da Advis. Alan também é dono e aconselha empreendedores de diversos setores, em empresas como a Naked Nuts, Troco Simples e Linus.

Os caminhos para a prevenção aos golpes no Pix demandam investimento nas raízes dessa questão, contexto em que o problema é, na verdade, a engenharia social. Ações que mobilizam a sociedade como um todo fazem total diferença para resultados mais eficientes — e defender isso é essencial. Afinal, colocando na balança todos os lados acabam ganhando, tanto os usuários como a economia e o varejo. O primeiro passo para fazer acontecer é reconhecer que a revolução digital dos meios de pagamento está acontecendo. Sem isso é impossível prosseguir.

Antes, no entanto, é importante voltar um pouco atrás. O que é engenharia social? Como esse tipo de crime se manteve ao longo de todos esses anos? As respostas vão de encontro a estrutura da sociedade no geral, mas a falta de investimento em cibersegurança no Brasil é algo a se destacar. Para se ter uma noção do tamanho da vulnerabilidade do nosso país quando o assunto é a segurança tecnológica, estamos em quarto lugar no ranking de nações mais afetadas por ataques cibernéticos, de acordo com um levantamento da Kaspersky.

É de se preocupar. Mas os problemas que envolvem todas as fraudes e golpes no Pix (agora recorrentes nos noticiários) também trazem outros levantamentos fundamentais a serem discutidos. É mais do que válido reiterar que o que faz com que os crimes aconteçam não é a falta de segurança no ecossistema do pagamento instantâneo, muito pelo contrário. O Banco Central trabalha todos os dias nessa frente, sem contar as regras atribuídas às instituições financeiras que desejam trabalhar com o Pix.

Educação digital e financeira no Brasil

Mas o que discutir para avançar? Por incrível que pareça, o usuário do Pix e da tecnologia como um todo também tem uma participação essencial para evoluirmos nesse sentido. Aqui, é relevante trazer à mesa problemáticas como o pouco investimento em educação digital e financeira. Esse déficit só colabora (e muito) para que o número desses crimes cresça no Brasil. Enquanto estamos no top quatro na questão de ausência de cibersegurança, nos encontramos na 42ª posição quando falamos em educação digital.

Em linhas gerais, o estudo global nomeado como Índice de Educação em Risco Cibernético (realizado pela consultoria Oliver Wyman) aponta que a promoção da educação digital nos países que estão mais abaixo no ranking ainda anda a passos lentos. Ou seja, revela a vulnerabilidade dos indivíduos com as ferramentas tecnológicas, o que não começou com o Pix.

Nessa mesma direção, podemos falar sobre educação financeira, que também é um desafio no Brasil. É o que dizem os especialistas, os principais estudos e, antes de mais nada, os dados. Uma pesquisa global que mede o grau de educação financeira de mais de cem países, traz o Brasil como 74º colocado. O Brasil está atrás, inclusive, de três dos países mais pobres do mundo: Togo, Zimbabwe e Madagascar.

Como evoluir nestas questões?

Portanto, tudo indica que a soma desses dois fatores — mais o baixo investimento em cibersegurança — são cruciais para o cenário que assistimos hoje em relação aos golpes no Pix. Assim sendo, entender que as transformações no universo dos meios de pagamento existem e que a dimensão de todas elas é um ganho enorme socialmente falando é o primeiro passo.

Traçar alternativas inteligentes para sanar de vez com qualquer obstáculo nessa estrada, o segundo. Logo, medidas governamentais são indispensáveis, junto à participação social. Investir em segurança pública e orientar os usuários para um uso mais consciente das novas ferramentas é fundamental. Sem falar, é claro, do investimento em educação financeira. A tecnologia surpreendente do Pix se encarrega pelo que vem depois, e, sem dúvidas, o futuro reúne coisas boas.