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Como o voice commerce vai mudar a experiência de compra?

Por: Rodrigo Martucci

Rodrigo Martucci é formado pela Universidade de Massachusetts e possui mais de 10 anos de experiência com e-commerce e marketing digital nos EUA e no Brasil. É o CEO e fundador da Nação Digital, agência especialista em e-commerce e eleita a melhor agência digital do Brasil pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico.

Se até então dizíamos ser “mobile first” (mobile primeiro), agora devemos pensar em ser “voice first” (voz primeiro). Estamos falando do voice commerce (compra por voz), uma das mais fortes tendências globais de e-commerce.

O voice commerce é o uso da voz como parte de um processo de compra online e envolve desde a pesquisa para encontrar a solução para uma necessidade, a busca do produto em si e depois a compra no meio digital. Por enquanto, a Amazon é a plataforma que mais investe nesse formato.

Nos Estados Unidos, os assistentes físicos de voz, como Alexa e Google Home, já estão impactando na forma como as pessoas compram online. A descoberta é de uma pesquisa da NPR and Edison Research, que constatou que mais de 53 milhões de adultos no país têm ao menos uma caixa de assistente de voz e que a maioria usa o dispositivo uma ou mais vezes ao dia.

Esse novo formato de compra pode se dar inteiramente ou parcialmente por voz, combinado com imagem e texto. Todos os tipos de e-commerce, eventualmente, poderão se beneficiar da compra por voz. Mas, num primeiro momento, o maior impacto será sentido nos setores em que as compras são rápidas e para reabastecimento, como supermercados, petshops e farmácias.

O voice commerce se apresenta como ideal para as commodities básicas, de primeira necessidade, quando o consumidor já sabe o que quer.

Apesar de ser uma tendência promissora, o voice commerce ainda encontra barreiras. Uma pesquisa da Forrester testou as capacidades comerciais dos assistentes de voz da Amazon, Apple, Microsoft e do Google e constatou que 65% deles falharam nas respostas às perguntas. Em algumas, eles redirecionaram o consumidor para um navegador para encontrar ajuda; em outras, não entenderam o pedido.

Veja o que os consumidores responderam em um levantamento da Elastic Path, uma plataforma de e-commerce, sobre quais produtos comprariam via voz:

  • Itens de supermercado: 69%
  • Produtos de saúde e beleza: 67%
  • Livros, filmes e músicas: 59%
  • Roupas e acessórios: 43%

Voice commerce na experiência de compra

A pesquisa também descobriu o que os consumidores mais esperam das lojas virtuais no prazo de 12 meses, e o voice commerce é citado.

  • Compra por voz: 57%
  • Entrega no mesmo dia: 75%
  • Ótima experiência de compra no mobile: 63%
  • Suporte da Alexa, da Amazon: 53%
  • Possibilidade de comprar por smartwatch: 50%

Segundo o levantamento, a maioria dos consumidores (81%) ouvidos ainda não experimentou a compra por voz, mas dentre os que já usaram essa tecnologia, 22% a fizeram várias vezes na semana, e 21% usaram na última semana.

Uma vez que as pessoas se sentirem confiantes e confortáveis com as compras por voz, o voice commerce se tornará natural. Essa confiança está relacionada com privacidade e segurança no acionamento dos dispositivos e no acesso a informações pessoais, como endereço e cartões bancários.

Para entregar uma melhor experiência ao usuário pelo voice commerce, o marketing terá que se adaptar para vender produtos de um jeito diferente, com linguagem focada em conversa, de olho mais nas necessidades dos consumidores e menos nos produtos em si.

A busca por voz tem uma peculiaridade: os usuários tendem a ser mais detalhistas do que por texto. Se na digitação a pesquisa é “tênis Adidas Originals”, por áudio se converte em “encontrar tênis Adidas Originals masculino na cor azul mais barato”.

A voz também pode aprimorar a experiência do usuário durante a jornada de compra e engajar o consumidor sem necessariamente ser pela aquisição de um item. É possível usar bots para dar dicas e ajudar os clientes a resolver problemas.

SEO na compra por voz

Quando a compra por voz emplacar nos e-commerces, o SEO vai mudar. A dica é se concentrar em perguntas e linguagem natural, em termos populares para pesquisa por voz, como “melhor”, “bom” e “lista”.

As descrições dos produtos precisam ser claras ao ponto de serem narradas pelos assistentes de voz para que o consumidor consiga traduzi-las em imagens. A dica é usar palavras-chave long tail e usar termos complementares.