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Como o coronavírus pode acelerar a transformação digital nas empresas

Por: Marcio Tomelin

É Diretor de Produto e Mercado da WK Sistemas. Formado em Ciências da Computação pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), tem MBA em Marketing pela FVG. Possui 20 anos de experiência no mercado de TI com ênfase em gestão empresarial, vendas, marketing e estratégia de mercado.

O futurista americano Brian Solis diz que “a transformação digital não é sobre digital, é sobre pessoas”. Em tempos de pandemia, ele não podia estar mais correto. O atual cenário tem feito muitos empresários repensarem sobre seus modelos de negócio e tomarem decisões rapidamente para se adaptar. Seja colocando toda a equipe para trabalhar de forma remota ou revisitando custos, fornecedores e buscando estratégias que gerem valor para os seus clientes.

Essas mudanças — que antes estavam sendo vistas apenas como uma tendência — já são fatores cruciais para determinar quem vai fechar as portas e quem vai conseguir se manter. E para um país onde apenas 4% das empresas tratavam o assunto como prioridade e 24% não acreditavam na digitalização dos negócios como uma medida relevante (dados de uma pesquisa da International Data Corporation – IDC), essa vai ser uma lição aprendida a duras penas.

A crise e as ferramentas para sair dela

Segundo o Sebrae, pelo menos 600 mil micro e pequenas empresas já fecharam as portas. Além disso, 9 milhões de colaboradores foram demitidos por conta da crise do novo coronavírus. Esse é um dado extremamente preocupante, já que os pequenos negócios representam 99% das empresas no país. Nesses momentos, os empreendedores precisam arregaçar as mangas e pensar em como inovar, encontrando soluções que reduzam seus custos e aumentem seus faturamentos. A tecnologia é uma poderosa aliada neste momento, porque coloca à disposição dos pequenos empreendedores recursos que antes eram restritos às grandes corporações. As próprias redes sociais e aplicativos de entrega, por exemplo, dão novas possibilidades para pequenos negócios lucrarem mais com pouco investimento.

Softwares ERP

Os ERPs, softwares de gestão de empresa, são outro exemplo de tecnologia que estão ao alcance até dos microempresários. Esses sistemas reúnem e integram as informações dos diversos setores de uma empresa, organizando e armazenando-as de forma automática. A integração é feita de ponta a ponta. Envolve desde as áreas financeira, de vendas e de compras, até o processamento de dados contábeis, o lançamento de informações gerenciais e a gestão de recursos humanos. Na prática, o ERP funciona como um grande banco de dados, onde as informações interagem entre si automaticamente. Por exemplo, ao registrar uma compra no sistema, o valor já é lançado no módulo financeiro (no contas a pagar ou pagamentos, de acordo com a situação), de estoque (entrada ou saída), e assim sucessivamente.

Ter um bom sistema que integra de forma inteligente todas as áreas do negócio traz um grande alívio para a rotina dos empreendedores — que muitas vezes ficam responsáveis por todas as funções burocráticas da empresa. Usar um ERP traz não só mais segurança para a empresa, como também diminui custos, previne possíveis problemas e dá mais agilidade no desempenho de tarefas. Existem empresas oferecendo gratuitamente, por 90 dias, software de gestão de empresas hospedado na nuvem para todos os empresários. São algumas formas de ajudar o empreendedor a trabalhar de casa com muito mais velocidade e capacidade.

Mudança de cultura

Mas, assim como disse Solis, é importante ressaltar que a transformação digital não tem a ver apenas com tecnologia. Ela é um meio neste processo, e não o fim. A mudança também precisa vir no âmbito da cultura organizacional das empresas, na agilidade e modelo de gestão. É hora de se reestruturar, reinventar e reconstruir seu negócio, sempre focando nesta nova economia digital. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), a transformação digital no Brasil deve movimentar cerca de R$ 250 bilhões até 2021.

A IDC também indicou que as organizações transformadas digitalmente vão gerar pelo menos 45% de suas receitas a partir dos modelos de negócio do “futuro comércio” – e que muitos gestores não sabem ao certo como colocar essa modernização em prática. Mas a crise chegou e ela não vai esperar pelas empresas que não se movimentarão. Portanto, foque nas lições positivas, se reestruture, se reinvente. Agora é o momento de agir de forma rápida e assertiva, e se aliar à tecnologia para vencer esse período complicado.