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Como anda a mão de obra no e-commerce?

Por: Felipe Marti

Profissional com mais de 20 anos de experiência em marketing e vendas com atuação nas áreas de operação off-line, gestão em negócios B2B e B2C de alta rentabilidade, e-commerce, marketing digital, outbound marketing, trade marketing, parcerias e live marketing. Possui histórico de empresas como Saraiva, Ricardo Eletro, Gregory Modas e Vivo. Atua hoje na Unilever e como Professor da ComSchool. Apaixonado pelo e-commerce.

Falar de mão de obra, capital humano, cabeças pensantes no e-commerce é um tema delicado. Primeiro porque o mercado é muito volúvel, segundo porque o histórico é recente, terceiro porque cada um tem uma opinião bem particular sobre o tema e por último, colocar-se frente a esta questão é dar a cara a tapa e nem todos têm coragem para escutar a verdade nua e crua.

Sempre gosto de citar o boom da internet entre os anos 2010 e 2013. Neste período junto com a alta do consumo, o fenômeno de contratação no mercado de e-commerce também teve proporções grandes. Enxergávamos pequenos, médios e grandes varejos contratando profissionais com “certo histórico” de mercado com movimentações literalmente bizarras!

Estagiários viravam analistas da noite para o dia, assistentes eram promovidos a coordenadores em um pulo, analistas acreditem só, eram contratados como gerentes de e-commerce pulando etapas de evolução natural de carreira. Vi estas mudanças por diversas vezes e não foram poucas. Sorte daqueles que souberam esperar o movimento certo, no tempo certo, porque pouquíssimos tiveram êxitos nestas mudanças.

A realidade hoje é outra: a dificuldade de encontrar profissionais capacitados e com histórico no e-commerce é enorme! Você encontra profissionais especialistas de acordo com o negócio, especialista em SEO, especialista em Search, expert em Social Media, “vendedor” de plataformas, gerenciador de carteiras, mas pouquíssimos com visão macro do negócio, com experiência para sinergia de ações e com visão das oportunidades.

Em 2-13, em uma conversa de happy hour, profissionais do setor diziam que CEOs, fundadores e diretores de e-commerce muito provavelmente iriam tomar o movimento de tutores, consultores ou até professores do meio digital/on line, entretanto isso não ocorreu, muito por conta do recuo que o mercado deu em relação ao desenvolvimento e capacitação do segmento. Dança das cadeiras ocorreram sim, mas os “cabeças das operações” continuam ocupando as mesmas posições e responsabilidades.

Um artigo do final de 2013 da ABComm (Associação Brasileira do Comércio Eletrônico), no auge do boom de contratação, já mostrava a dificuldade de aquisição de mão de obra para o segmento.

Para 79% dos gestores, os candidatos não detinha todas as habilidades necessárias e 22% não sabiam onde encontrar currículos específicos. E para mim especificamente, o dado mais alarmante: para 20% deles a maior dificuldade ao contratar eram os altos salários pretendidos pelos candidatos às vagas.

Aí encontramos o maior desafio para os gestores deste mercado que é lidar com as expectativas geradas pelos profissionais deste mercado! A maior parte dos contratados vêm da geração remanescente, em que o sonho do Vale do Silício é enraizado, e têm a ilusão que em toda empresa de e-commerce ou agência, o ambiente é regrado de notebooks com planilhas misturadas a goles de cerveja, ou pizzas em meio às discussões de metas, no clima “lounge empresarial” de ganhar dinheiro com poucas ideias brilhantes!

Neste mesmo artigo citado (no rodapé desta página), ele cita as características que um bom profissional de e-commerce deve ter. Em determinado trecho, descreve “Gestão do tempo: trabalha-se muito no e-commerce. Se não souber como gerir o próprio tempo, as atividades não serão realizadas dentro dos prazos e prioridades adequadas”.

Em outra parte fala: “Flexibilidade: o mercado é dinâmico, tudo evolui muito rápido e é preciso estar disposto a estudar continuamente e se reinventar a cada dia”, pontos que para os profissionais que estão entrando no mercado hoje podem ser altamente conflitantes. Afinal, todos querem retorno imediato, promoção em curto período de tempo com o tão sonhado reconhecimento do trabalho e que normalmente é feito com entrega superficial, “desmotivando” todos sem um “plano de carreira concreto”!

Além dos conflitos de gerações, o recuo das inovações do mercado, a crise anual e a necessidade atual fazem com que cada gestor hoje seja um “faz tudo”. Hoje o gerente tem que colocar a “mão na massa”: desde realizar uma campanha adsense, programar um XML, mexer em código fonte, montar um Briefing até realizar o processo de trade (que até tempo recente era função somente de um marketing estruturado e capacitado), estimar o ganho de rentabilidade na DRE do mês do seu negócio e gerir e suprir a necessidade de feedback e acompanhamento de cada um de sua equipe, e por aí vai! Ufa…

O e-commerce é apaixonante! A gestão do negócio, desafiadora!

Boa sorte a todos!

Fonte Artigo Citado: http://www.abcomm.org/noticias/mercado-de-e-commerce-busca-com-urgencia-mao-de-obra-qualificada/