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Coleta de dados: os dois lados da moeda

Por: Denys Fehr

Formado em sistemas da informação, pós-graduado em administração, tem especialização internacional em marketing digital, além de outras formações em gestão de negócios, gestão de pessoas, matemática financeira, estatística e projetos. Ao longo de sua carreira desenvolveu sua paixão pelo mundo de Business Intelligence e em 2016 começou sua caminhada como empreendedor fundando a Just a Little Data. Com ela, trouxe toda sua expertise de transformar os dados em verdadeiros ativos e insights para o negócio, ajudando seus clientes e parceiros na implementação da cultura data driven decision making em suas empresas. Além disso, fundou a PetsdoBem, plataforma de assinatura online de produtos para pet, onde toda margem da operação é revertida em doação de ração para a causa animal.

Falar e ouvir sobre coleta de dados (e o que fazer com eles) é algo que nos últimos anos tem gerado dúvidas, discussões, receios e tem sido assunto semanalmente de portais e jornais. Entender como são coletados, onde ficam armazenados, quem pode e não pode acessá-los, como e onde serão usados são questões que de fato podem parecer complexas (e muitas vezes caríssimas), uma vez que dados podem ser coletados por uma infinidade de motivos e para os mais diversos projetos de qualquer tipo de empresa. Fato é que não coletar e não gerir o máximo possível de dados do seu negócio e da sua indústria não é uma escolha. Então, como ficar atento para não se perder nesse momento?

Recentemente li um artigo da At Assist que não é tão novo assim, de 2019, mas que fala claramente sobre os pontos positivos e negativos da coleta e da gestão de dados.

O lado bom, para começar.

Inovação mais rápida

Se você for capaz de coletar uma grande variedade de dados e buscar as respostas que precisa neles, isso pode te levar a inovações melhores e mais rápidas. Melhores e mais rápidas para serem colocadas em prática, pois possuem a referência dos dados como base e direcionamento, não fica só no campo das novas ideias, suposições ou hipóteses.

Isso é muito interessante e acredito ser uma forma bem simples de entender como se beneficiar da coleta de dados. O avanço e o uso da tecnologia são velozes/ferozes. Ás vezes difícil de acompanhar, porém, alguns setores necessitam dessa agilidade para oferecer melhores produtos e serviços para uma sociedade que também evolui muito rápido.

No texto, ele cita como exemplo a medicina, um setor de alta coleta de dados, super-sensíveis, mas que trazem grandes descobertas (e cada vez mais rápidas) sobre caminhos e soluções para doenças. Quanto mais informação de um paciente, e de um possível problema de saúde, mais rápida a cura, pois você combina toda técnica e ações para aquele tipo de problema, mas personalizado para aquele perfil de paciente (com todo seu histórico de vida).

Custos mais acessíveis

No passado, o desenvolvimento de uma nova tecnologia, método ou processo exigia um investimento significativo de tempo e dinheiro. ROI sempre no médio e longo prazo. Através de uma boa gestão de dados, esse tempo para ROI está cada vez menor, bem como o custo de infraestrutura para todo o processo ser desenvolvido.

Se você já teve um negócio, com certeza fez melhorias nele vendo o que seus consumidores fazem e o que pedem. Você pode não ter feito uma coleta estruturada, mas apenas com o seu olhar você absorveu diversas informações sobre as pessoas. Até alguns anos atrás, o custo dessa coleta e gestão de dados era bastante alto, mais acessível para grandes e médias empresas, que tinham no seu core a necessidade dessa informação. Hoje, qualquer empresa – na minha modesta opinião – deveria ter dados como CORE. Não importa o seu negócio e a sua indústria, E o custo para isso hoje é muito inferior ao que já foi um dia. E cada vez mais será.

Mas como nem tudo é perfeito, os contras.

Segurança

Armazenar toneladas de dados, especialmente informações extremamente pessoais, como informações de contas bancárias e registros de saúde, requer grande nível de segurança.

Esse sem dúvida é o maior temor de qualquer pessoa. Dados são infinitos – assim como a Internet, não existe começo, meio e fim. E acontece que por mais profissional que um sistema de proteção de dados seja 99,99% seguro, existem milhares de especialistas trabalhando diariamente para que, assim como tudo, a segurança e a proteção de dados também evolua. Como diria um professor meu de faculdade, seguro 100% só o colo das nossas mães. Todo resto tem seu percentual de possível falha.

Alto custo por falta de planejamento

Para algumas empresas, transformar os dados em uma mercadoria também pode torná-los incrivelmente caros. Não pela tecnologia em si, mas por falta de planejamento e governança.

Falar que é custoso pode soar contraditório ao pró que eu trouxe mais acima, certo? Mas, acredite, com um planejamento ruim, você pode se encontrar nessa situação. A coleta de dados, principalmente digital, otimiza sim muitos custos. Mas investir no uso de dados requer profissionais qualificados (terceirizados ou próprios) e softwares sofisticados muitas vezes. E o erro aqui é coletar tudo que é possível, sem saber o porquê ou para que está fazendo isso. Overload de informação. Tenho toda informação do mundo dentro de casa, mas só faço análises e tomo ação com 10% dessa base.

Se for seu caso, logo você terá que justificar seu alto custo. Tem que ter um planejamento correto para isso, saber quais perguntas você precisa que os dados te respondam. Quais dados você precisa para achar a melhor resposta possível para essas perguntas. Esses são os dados que deve coletar e gerir. E assim facilmente encontrará seu ROI, para receber mais perguntas, e investir mais em coleta, gestão e análise.

Enfim, os dados nunca deixaram de existir, só estão em um volume muito grande agora, que faz com que nós, seres humanos, precisemos nos estruturar para que possamos tirar o melhor deles. Usá-los cada vez mais, pois são grandes solucionadores de problemas. Tê-los como nossos amigos e aliados, como nosso guia, pois eles vão nos ajudar a descobrir e resolver muitos dos nossos desafios profissionais. E pessoais também.

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