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Para se atualizar: câmara dos EUA aprova leis contra monopólio das big techs

Por: Alessandro Silveira

Alessandro Silveira é formado em Administração e Comércio Exterior pela FESP. Possui especialização em Administração pela New School University em Nova York, Especialista em e-commerce e logística. É sócio fundador do Ideris.

Neste espaço, normalmente tenho compartilhado algumas orientações que julgo necessárias para aproveitarmos tecnologias (como o app WhatsApp Business) e datas sazonais (dia dos namorados e Black Friday, por exemplo) para vender mais e melhor. Porém, também busco contextualizar alguns dos mais importantes movimentos do mercado — já abordei nesta coluna, como exemplo, o tema criptomoedas.

Desta vez, trarei meu olhar sobre os debates e votações em torno de uma legislação que pode afetar as big techs — responsáveis pela maior parte das plataformas que utilizamos para as nossas estratégias de Marketing de Conteúdo. Afinal, é no Facebook, Instagram, WhatsApp e YouTube, por exemplo, que essas estratégias são postas em prática. Meus últimos textos foram nesse sentido: escrevi sobre Social Commerce e Live Commerce.

Imagem de uma balança virtual de direito sobre um celular

Entenda como os debates e votações em torno de uma legislação podem afetar as big techs em relação ao monopólio.

O tema deste artigo é oriundo dos Estados Unidos. Por lá, a Comissão Judiciária da Câmara de Representantes deliberou e aprovou leis para evitar o monopólio de mercado, algo vivenciado por players gigantescos como o grupo Facebook, o Google, a Apple e a Amazon. Essa nova legislação ainda precisa ser aprovada pelos plenários do Congresso estadunidense. O que isso pode impactar para o mercado digital?

Quem se recorda do surgimento do Instagram? Em 2012, o Facebook o comprou por cerca de US$ 1 bilhão. Seis anos antes, o Google avançou sobre o YouTube por US$ 1,650 bilhão. Agora mais recentemente, em 2014, o Facebook investiu mais uma vez e adquiriu o WhatsApp por incríveis US$ 16 bilhões. Essas aquisições podem mudar a forma (e mudaram) como produzimos conteúdo, tanto para nós enquanto usuários assim como para as estratégias de marketing.

O relatório Socialbakers apontou que o Instagram ampliou sua liderança em relação ao Facebook durante a pandemia. Hoje, a audiência no Instagram é 35% maior. Para o bem ou para o mal, os usuários de redes sociais acompanham esses movimentos e testemunham, em tempo real, os serviços que estão nascendo, crescendo e até morrendo. A certeza é que essas aquisições, incluindo todas as big techs, somam US$ 150 bilhões — de acordo com o estudo recente da consultoria CB Insights.

Tudo isso não passou despercebido. É por isso que novas legislações norte-americanas estão se formando. Um dos projetos lida diretamente com essas aquisições, tentando entender o impacto que elas causam. Nesse projeto, os gigantes de tecnologia ficariam proibidos de adquirir rivais em potenciais, com o objetivo de evitar o monopólio e, ao mesmo tempo, propiciar um ambiente competitivo para que novos players possam nascer e crescer.

Essa conclusão foi trazida pelo jornal O Globo, no mês passado, com base na reportagem publicada pelo Wall Street Journal. A investigação feita pelo subcomitê antitruste da Câmara durou 16 meses, através da qual entendeu que “as grandes empresas de tecnologia alavancaram seu domínio para eliminar a concorrência e sufocar a inovação. Além disso, concluiu que o Congresso deveria considerar forçá-las a desmembrar suas plataformas de outras linhas de negócios”.

Dentro desse conjunto de leis, há também uma medida que visa permitir a portabilidade de dados dos usuários entre ambientes online. De certo modo, essa discussão feita lá (sobre como os usuários podem portar os seus próprios dados) me remeteu à nova Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), em vigor no Brasil desde setembro do ano passado. Por aqui, a LGPD já garante ao usuário o poder de consentir ou não com o fornecimento de determinadas informações.

Por essas razões, empreendedores digitais, resolvi escrever sobre essas discussões que têm sido travadas nos Estados Unidos. Suas deliberações podem respingar no restante do mundo, especialmente no que tange o mercado digital. Assim como vimos o Facebook explodir em audiência e agora assistimos a uma queda importante de seu “prestígio” entre os usuários, também vimos surgir inovações que mudaram a forma de vender (inclusive conteúdo) na internet. É bom ficar atualizado.