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Boleto parcelado, BNPL, carnê digital chegam com força no Brasil em 2022

Por: Lucas Gonzalez

Lucas Iván Gonzalez é Chief Strategy Office da Koin desde 2021 e lidera quatro áreas da companhia: Business Development ('BizDev'), Business Intelligence ('BI'), Revenue and Planning. Suas responsabilidades na empresa incluem, dentre outras, a prospecção e gestão de parcerias, expansão regional, prospecção de novos negócios e produtos, gestão de lucros e receitas dentre as diferentes áreas, e análise das informações financeiras com foco na tomada de decisão. Graduado pela Universidad de Buenos Aires em Economicas, tem um Mestrado em Finanças da Universidad del CEMA e um MBA da Universidad Torcuato Di Tella. Lucas trabalhou anteriormente em empresas como Despegar, Banco Santander e BBVA.

Apesar dos termos carnê digital, boleto parcelado e BNPL (Buy Now, Pay Later) terem similaridade, não são a mesma coisa. O carnê é uma modalidade bastante tradicional, trata-se de um título de empréstimo que possibilita o parcelamento de compras, geralmente, no modelo de um crediário próprio de uma loja ou fornecedor. Já o boleto parcelado, com uma definição bem parecida, é um título de cobrança aliado no momento de garantir o recebimento de um pagamento à vista ou a prazo, e possui maior aceitação em diversas lojas.

E o Buy Now, Pay Later – BNPL, traduzido como “Compre agora e pague depois”, inclui tanto o carnê digital quanto o boleto parcelado e outras variações. É uma modalidade de empréstimos parcelados no ponto de venda que permite que os consumidores façam compras e paguem por elas em uma data futura. Ou seja, os clientes podem comprar parcelado sem necessidade de cartão de crédito ou conta bancária. E um diferencial do BNPL é que as parcelas podem ser pagas de várias formas – boleto, Pix, débito etc.

Que a pandemia trouxe diversas transformações, não só na sociedade, mas também nos modelos de negócio em todos os segmentos de mercado do mundo, é fato. Mas faz muito sentido entendermos as transformações e o crescimento recentes do setor de comércio eletrônico.

Segundo o índice MCC-ENET, desenvolvido pela Neotrust, o faturamento do comércio eletrônico teve um resultado expressivo no ano de 2021: a alta foi de 48,41% em comparação com 2020. Considerando o mesmo período, as vendas do e-commerce cresceram 35,36%. É um movimento que já vinha como uma forte tendência antes da pandemia e, por conta da transformação digital acelerada, se intensificou ainda mais com as medidas de restrições nos últimos anos.

Com milhões de novos consumidores trazidos pela pandemia, houve um aumento de demanda no mercado por novas formas de crédito, o que trouxe mudanças para o setor de pagamentos. Segundo publicação do Valor Investe, no Brasil, são 34 milhões de pessoas sem conta bancária ou cartão de crédito, o que soma 21% do total da população. Essas pessoas movimentam aproximadamente R$ 347 bilhões por ano, o que corresponde a 8% da massa salarial do país. É bastante gente!

Um estudo da Generation Pay de dezembro de 2021 demonstra que, no mercado brasileiro, um dos destaques nos meios de pagamento é o Buy Now, Pay Later. Já incorporado à cultura da população, 43% têm preferência por esse método de pagamento. O fato de o pagamento estar disponível em BNPL tem atraído muitos consumidores nessa retomada econômica e aumenta as chances de conversão das lojas, sobretudo com os mais jovens: 42% dos consumidores da Geração Z e 69% dos consumidores Millennials preferem comprar agora e pagar depois.

Ou seja, o crescimento do e-commerce e da transformação digital devido à pandemia, à grande quantidade de pessoas desbancarizadas no Brasil, ou com pouco (ou mesmo nenhum) limite de crédito, à preferência pelo pagamento parcelado na América Latina e à tendência social das novas gerações utilizarem meios de pagamento alternativos são fatores macroambientais fundamentais para o aumento das modalidades de BNPL no país, sobretudo o boleto parcelado.

Segundo a consultora Savills, as fintechs da Europa superaram quase três vezes o valor em financiamento de capital de risco alcançado em 2020 – valor que já tinha sido um recorde. O mesmo estudo aponta que a quantidade de consumidores europeus que pretendem passar a usar exclusivamente serviços bancários digitais subiu de 49% para 62% nos últimos três anos.

Essa tendência na Europa é reflexo da expansão do BNPL no mundo. Uma pesquisa do Bank of America revelou que o mercado de soluções Buy Now, Pay Later poderia processar de US$ 650 bilhões a US$ 1 trilhão em transações até 2025, o que representa um crescimento de 10 a 15 vezes.

Quando falamos de Brasil, não é diferente. O uso de pagamentos digitais é cada vez mais aceito pelos brasileiros. Um estudo realizado pela FIS (NYSE: FIS) com a Ipsos traz à tona a crescente de diferentes métodos tecnológicos disponíveis no momento da compra. Nesse estudo, 52% dizem ter utilizado pagamentos online, 49% fizeram compras por meio de aplicativos e, seguindo as tendências comportamentais durante o isolamento causado pela pandemia, 40% escolheram por pagamentos sem contato em 2021. A pesquisa observou ainda a aceitação da população a outros meios de pagamentos, como QR Codes (31%) e BNPL (13%), e todos os percentuais subiram se comparados ao levantamento anterior.

Com tantos indicativos, fica evidente a tendência de crescimento em curto prazo dessas modalidades de pagamento quando pensamos neste ano de 2022. Mas, considerando todos fatores colocados acima, temos uma forte inclinação ao crescimento também sustentável e em longo prazo dessas modalidades.

Leia também: Compre Agora, Pague Depois: o crescimento do pagamento eletrônico na América Latina