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Análise de dados: pare de perder tempo com os indicadores

Por: Tarek Ferraj

Diretor de Operações da Ge-commerce, empresa de assessoria em gestão e marketing para e-commerce. Já desenvolveu centenas de projetos de e-commerce e gerou dezenas de milhões de reais em vendas para os clientes da Ge-commerce ao longo dos últimos anos.

Há alguns anos escuto as pessoas falarem sobre a importância da análise de dados e acompanhamento de métricas de resultado. Falam, nesse caso, como se isso por si só fosse mudar o jogo de qualquer negócio. A verdade é que acompanhar métricas só por acompanhar não vai levar a sua empresa a lugar nenhum. Além disso, 99% dos “especialistas em e-commerce” que tenho visto falando sobre métricas e análise de dados, têm uma visão muito superficial sobre o assunto (geralmente com um viés muito técnico e pouco de gestão).

Meu objetivo aqui não é me aprofundar nos aspectos técnicos da análise de dados em si. Mas, sim, te provocar a pensar de uma forma um pouco diferente — que provavelmente irá facilitar a sua relação com os indicadores do seu negócio no dia a dia. Eu te garanto que a visão de negócios é mais importante do que qualquer outro aspecto quando se fala na utilização de dados para a tomada de decisões.

O que muitos não enxergam (ou se recusam a enxergar) é que dados nada mais são do que registros de situações e eventos que acontecem em um determinado sistema — nesse caso, uma empresa. É tão simples quanto isso. Os dados brutos por si só não têm grande utilidade nas tomadas de decisão. Afinal, não geram nenhum tipo de interpretação imediata. Uma empresa altamente digitalizada — como é o caso de qualquer e-commerce — gera uma tonelada de dados, em diferentes sistemas, todos os dias.

A grande questão é: o que fazer com essa infinidade de informações?

A resposta para essa pergunta é mais óbvia do que parece. Mas, antes de pensar em fazer qualquer coisa com eles, você precisa na verdade se perguntar: o que eu preciso enxergar nesse momento do meu negócio? Quais são meus objetivos para o ano? E para o próximo trimestre? Como eu divido esses objetivos maiores em partes menores e que possam ser mensuráveis?

Se questione, por exemplo, sobre por que você deveria perder seu tempo analisando a retenção de clientes na região sul, se o seu foco de expansão para o ano está na região nordeste. Não confunda curiosidade com necessidade e objetividade. Todas as informações tratadas e analisadas que não estiverem de alguma forma relacionadas aos seus objetivos de negócio principais para os próximos períodos, são essencialmente perda de tempo.

Dito isso e entendido que é necessário clareza e objetividade sobre o que realmente é necessário medir e acompanhar, chegou a hora de definir as formas de visualização desses dados, para facilitar as análises posteriores. Nessa etapa é que entra a parte técnica. Ou seja, que deverá construir os dashboards (que podem combinar informações além das disponíveis somente no Google Analytics, no caso das lojas virtuais) ideais para a projeção dos indicadores. Tudo, claro, de acordo com as orientações estratégicas do corpo de gestão do negócio.

Rotinas de análise

Com os objetivos definidos, os dados disponíveis e os dashboards construídos de forma a facilitar a visualização, o próximo passo é criar as rotinas de análise. Sim, essas análises precisam ter uma frequência, duração e roteiro bem definidos. Caso contrário, você e sua equipe correrão um grande risco de gastar tempo olhando para gráficos bonitos, mas sem tirar nenhuma informação útil para ajudar na tomada de decisões a fim de otimizar de resultados.

O principal objetivo dessas análises deve ser a identificação de problemas. E agora deixo uma dica extremamente valiosa, se você souber aproveitar. Existem essencialmente dois tipos de problemas:

  • Os problemas bons, que representam a lacuna entre os resultados atuais e a meta;
  • E os problemas ruins, que representam um desvio negativo aleatório dos resultados que a empresa vinha atingindo ao longo do tempo.

Rotina e padronização

Para ambos os casos deve existir planos de ação com melhorias substanciais que irão — pelo menos essa deve ser a hipótese — corrigir os resultados e colocar as coisas nos eixos. Isso porque não basta analisar informações e identificar problemas: é preciso agir sobre eles. Mas só isso não basta para garantir a consistência futura dos resultados.

Toda melhoria (repito, toda melhoria) deve ser padronizada e inserida na gestão da rotina das pessoas que executam as operações relacionadas. Não existe consistência sem rotina, e não existe rotina sem padronização. Tenha isso em mente nas próximas vezes que estiver pensando em mudanças para o seu negócio.

Por fim, espero que você tenha compreendido que a análise de dados em si não tem grande valia sem clareza nos objetivos da empresa. E, muito menos ainda, sem rotinas de análise e implementação de melhorias. Comece a ter clareza sobre o que você realmente precisa analisar neste momento do seu negócio. Além disso, pare de perder tempo olhando para dezenas de gráficos e números em busca de um insight mágico que irá fazer os seus resultados dispararem. Isso não existe.