Logo E-Commerce Brasil

Uso de dados: ainda é possível ter privacidade na internet?

Por: André Palis

Formado em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina. Com ampla expertise no mercado digital já tendo trabalhado no Google, hoje é CEO da Raccoon, melhor agência de marketing digital da América Latina, com mais de 600 colaboradores, e atende clientes como Natura, Estácio, Nubank, Leroy Merlin e Fast Shop.

Em tempos de home office e excesso de horas de navegação online devido ao isolamento social, você precisa baixar um arquivo ou comprar um produto e surge um pedido de e-mail, um cadastro ou um acesso facilitado via Facebook. Se o arquivo ou produto realmente te interessam, então você fornece o e-mail ou clica no botão “aceito os termos”, enquanto troca seus dados pelo acesso ao que deseja.

A verdade é que é quase impossível navegar na internet sem deixar rastros em forma de dados. Isso é uma realidade. Mas, ela é negativa ou positiva? Talvez a resposta mais sensata é que depende da forma de uso dessas informações.

Resumidamente, se uma empresa séria estiver com seus dados na mão, eles serão usados em seu benefício. Possivelmente, essa empresa vai te oferecer produtos ou serviços alinhados ao seu perfil. Ou seja: seus dados tornam possível que ofereçam algo que você realmente precisa. Quando os dados são usados de maneira positiva, eles geram satisfação e conveniência.

Por outro lado, existe a possibilidade de uso mal intencionado dos dados. Exemplo: ao mesmo tempo, é possível que alguma empresa saiba exatamente por quais sites você anda navegando e, de alguma forma, te prejudique com isso. Além disso, é possível que você deixe senhas e dados sensíveis à disposição de companhias e pessoas maliciosas.

Dessa forma, fica claro que não é a disponibilidade dos dados que preocupa, mas sim quem os acessa. Dados estão disponíveis mesmo e daqui pra frente estarão cada vez mais — vide o aumento no uso de dispositivos com acesso à internet durante a epidemia. Nós, como usuários, temos que entender que é um caminho sem volta. O assustador é não ter autonomia para saber quem acessa esses dados. Se for o Google, ok, eu confio que eles farão um bom uso de dados. Mas quem mais pode acessar?

Uso transparente dos dados

Cabe às empresas, além de se adequarem à Lei Geral de Proteção de Dados, que é o básico, agirem de forma transparente. Não é coerente ludibriar o usuário: é preciso comunicar de forma clara as regras para a utilização dos dados, assim como pedir autorização para tratá-los. Além disso, as empresas sérias precisam investir em tecnologia robusta para garantir a proteção dos dados dos seus clientes. Seguramente, esse será um dos pilares das grandes empresas nos próximos anos.

Já o usuário, por sua vez, precisa ser bem mais prudente, principalmente agora em que ele está ainda mais conectado. Prestar bem atenção em que tipo de dados estão te solicitando, que tipo de uso da internet você está fazendo e, evidentemente, se atentar aos termos de uso. Todo cuidado é pouco.

De maneira resumida, a questão é que teremos que trocar um pouco de privacidade e disponibilizar alguns dados para ganharmos acessos a alguns serviços. O grande desafio é proteger o usuário e garantir a idoneidade de quem tem acesso a esses dados.