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A tecnologia e a escalada do e-commerce nas principais datas do varejo

Por: João Machado

CTO da Eu Entrego. Foi fundador da Ideais Tecnologia adquirida pela B2W in 2013. Com mais de 15 anos de experiência com empresas de tecnologia, foi diretor de TI na B2W e na VTEX, participando diretamente na construção do mercado digital brasileiro, especialmente no ecossistema do e-commerce.

São apenas 24 horas de promoção, ou 72 horas para quem estende até o fim de semana, mas é um período extremamente importante para as lojas virtuais. A Black Friday, que chegou despretensiosamente ao Brasil em 2010, rapidamente se tornou na data mais popular do e-commerce nacional. Um dos motivos para isso é justamente o avanço da tecnologia, que derrubou mitos em torno do comércio eletrônico e garantiu mais agilidade aos lojistas na hora de venderem seus produtos e/ou serviços. A questão, porém, é que não se trata de utilizar a tecnologia apenas para vender mais, mas principalmente para estruturar processos internos e ter ganho de escala nestes momentos de pico.

É uma necessidade que ficou evidente com a pandemia da Covid-19. Desde março ocorreu uma aceleração no comércio eletrônico no país — e certamente vai se refletir na Black Friday. Números preliminares de mercado mostram que a participação do e-commerce saltou de 5,8% para 11,2%, ou seja, quase dobrou. Boa parte desse número vem de novos consumidores que passaram a comprar online quando não restou outra alternativa. Agora, com a experiência positiva, espera-se essa novidade também nesta data específica, com milhares de consumidores se aventurando pela primeira vez nas promoções.

Portanto, a tecnologia mantém seu papel essencial. Num primeiro momento para que o consumidor possa ser informado sobre os descontos e ofertas, eventualmente navegando com tranquilidade nos sites e aplicativos dos varejistas escolhendo os produtos que mais lhe interessam. Depois, possibilitando uma compra sem solavanco e atrito. E finalmente, garantindo que a entrega será feita de acordo com os prazos acordados e na qualidade desejada pelo usuário.

Justamente neste ponto é que o comércio eletrônico ainda peca no país. É preciso encontrar uma plataforma tecnológica capaz de atender todos os processos, suportando a sazonalidade e garantindo a escala necessária para esse avalanche de demandas que é a Black Friday. É o grande gargalo que ainda desafia as lojas virtuais. Hoje, a maioria das lojas tem poucos problemas de estabilidade e conseguem atender de forma satisfatória a sede por ofertas dos usuários. Mas não adianta escalar os computadores e vender muito se a dificuldade de logística permanece.

Com uma plataforma de crowdshipping, isto é, que utiliza tecnologia para conectar a empresa a uma rede de entregadores independente (da mesma forma que o cloud computing faz com os sistemas), há um crescimento exponencial na capacidade de entregas. O desafio, portanto, é encontrar sistemas resilientes a essas mudanças bruscas de demanda em tempo real. No caso de acessos, os lojistas encontraram alternativas, como antecipando promoções para evitar sobrecarga em horários específicos. Com as entregas é a mesma coisa: é preciso ter uma infraestrutura que suporte um grande número de pedidos e faça as entregas sem qualquer problema nos dias seguintes.

O importante é compreender que o comércio eletrônico em si ainda é um movimente recente no Brasil — completou 25 anos em 2020. Assim, cada Black Friday é um momento para vender, mas também para aprender lições valiosas para o futuro. Ter uma boa solução de tecnologia certamente foi um dos aprendizados mais importantes nos últimos anos. Mas agora é necessário reconhecer que essas ferramentas não podem ficar restritas à página da loja virtual em si, mas avançar em outras áreas, como logística. O processo de compra não termina com o pedido finalizado, mas com o produto entregue nas melhores condições a quem confiou em seu negócio.