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A redução de tempo e custo de entrega virá com armazéns regionais

Por: Fernando Gobbi

Há mais de 13 anos atuando em operações logísticas em empresas de varejo digital, Fernando Gobbi é diretor de operações e está à frente das equipes de operações logísticas e atendimento ao cliente. É engenheiro elétrico e pós-graduado em administração de negócios pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Chegou à Synapcom depois de passar pelo Icomm Group, Fartech.com e Westwing. No Fórum E-commerce Brasil de 2017, foi escolhido profissional do ano em logística de e-commerce e finalista na mesma categoria em 2018, 2019 e 2020.

Sabemos que os acontecimentos globais do último ano trouxeram novos hábitos de consumo. Além disso, fizeram muita gente que ainda não comprava online passar a adotar esses canais como algo cotidiano. Por outro lado, os que já usavam com frequência tornaram-se mais exigentes em relação a diversos fatores, e o frete é um deles. Prova disso é que um estudo da Baymard Institute revela que 60% dos clientes desistem da compra por causa do custo da entrega.

Outra pesquisa, da Webshoppers, realizada pela consultoria Ebit|Nielsen em conjunto da Bexs Banco, indica que, quanto maior o valor do frete, maior é a taxa de reclamação dos consumidores. Em compras que tiveram fretes acima de R$ 30, por exemplo, há um total de 11,5% de reclamações sobre qualquer aspecto da compra. Já para casos com valores gratuitos ou abaixo dos R$ 5, a taxa de reclamação fica em 8,1%.

Então, sabemos que tanto o valor quanto o tempo de entrega podem ser essenciais para converter uma venda — e para ser escolhido em meio à concorrência, principalmente por um público tão sensível em relação a preço quanto o brasileiro. Portanto, como eu consigo realizar entregas cada vez mais rápidas a um bom preço?

Não existe uma fórmula mágica, mas sabemos dos desafios, em especial em um país com as dimensões do Brasil. A dificuldade no transporte é uma realidade e oferecer uma entrega rápida em todas as regiões do país não é fácil. Em São Paulo e em outras grandes cidades do sul e sudeste há cada vez mais opções e modalidades de transporte. Nesses casos, fretes same e next day já são regras para muitas empresas. Mas é importante levar essa mesma qualidade e possibilidade aos clientes de outros lugares.

Armazéns regionais: proximidade com o consumidor

Para mim, a resposta está na regionalização. Hoje, mais do que nunca, eu preciso estar próximo do meu consumidor — posso usar a solução de dark stores como exemplo para mostrar isso. Esses mini centros de distribuição (ou armazéns regionais) posicionados em locais estratégicos de grandes cidades já atendem pedidos em poucas horas, e são ótimas opções para produtos de consumo rápido como comida e bebida.

Mas, para os outros tipos de produto, a solução tem que ser diferente, especialmente, fora do eixo Sul-Sudeste. De fato, o Sudeste representa a maior parte das vendas e correspondeu a mais da metade (52%) do faturamento total do e-commerce em 2020 — segundo a mesma pesquisa Webshoppers, realizada pela Ebit|Nielsen. No entanto, o Nordeste dobrou a contribuição nesse dado em 2020 em relação a 2019 e foi responsável por 18,5% do faturamento.

Então, outras regiões começam a ganhar relevância e se tornam mais assíduas no mercado digital. E quanto mais acessível for o frete, maior será a participação desses locais também. Isso é algo que não pode ser ignorado.

Diante desse cenário, fica clara a necessidade de oferecer boas opções de frete para os consumidores. E volto a afirmar que a maneira mais eficiente de reduzir o custo e aumentar a velocidade da entrega é com armazéns regionais. A proximidade, nesse caso, vai fazer toda a diferença para entregar o produto. Além disso, reflete em uma boa experiência ao consumidor, independente de onde ele esteja. E é disso que se trata.