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A reabertura do comércio físico acabará com o e-commerce?

Por: Thiago Sarraf

É especialista em e-commerce e internet, consultor, professor, palestrante, investidor-anjo e empresário. Formado em Marketing, com especialização em Negociação e certificados em Google Adwords e Analytics, lecionou em grandes instituições como Faculdade Impacta Tecnologia, FMU, ESPM, Universidade Buscapé e Internet Innovation. Hoje, seu foco principal é a consultoria de e-commerce e cursos de própria autoria voltados para pessoas que querem abrir ou já possuem um e-commerce e empresários que desejam se aprofundar no tema.

A pandemia obrigou às lojas físicas a fecharem a fim de evitar aglomerações, e não é para menos que houve aumento nas compras online. Afinal, não restou outra opção ao consumidor que antes resistia ao universo do e-commerce. E apesar da grande adesão às compras online, a reabertura do comércio físico chacoalhou as lojas online.

As grandes liquidações feitas pelo comércio físico, somadas à insatisfação dos consumidores de não poderem sair, estimulou as vendas das lojas físicas a aumentarem assim que reabertos o comércio. E, portanto, muitos e-commerces tiveram quedas em suas vendas. Mas, será que a reabertura do comércio físico vai acabar com o aumento das vendas online?

Aumento das vendas online

De acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, a ABComm, houve aumento no número de lojas virtuais abertas durante a pandemia. Entre o período de 23 de março a 31 de maio, foram registrados mais de 107 mil novas lojas — mais de um e-commerce por minuto.

Relatórios do Mercado Livre também apontaram cerca de 5 milhões de novos consumidores no âmbito América Latina.

E não precisa ir muito longe: quem tem pais ou parentes de idade mais avançada, sabe da relutância desta faixa etária ao fazer compras pela internet. Seja pela falta de informação, desconfiança ou o simples prazer de poder sentir o produto em mãos antes de fechar a compra. E durante a pandemia, muitos se viram obrigados a utilizar destes serviços online, seja para transações bancárias, compras de produtos ou conversar com a família.

Para as lojas que souberam se preparam e adaptaram-se às novas situações da crise, o aumento das vendas foi natural. De acordo com o Compre e Confie, o e-commerce brasileiro teve aumento de 81% nas vendas, comparado ao mesmo período do ano anterior.

Reabertura do comércio

A reabertura lenta do comércio físico em meados de junho, porém, trouxe um novo balanço para os lojistas online.
Com diversas lojas, literalmente, liquidando os estoques, a dificuldade em competição por preços associada à necessidade do consumidor em finalmente sair de casa, fez com que as vendas caíssem no âmbito online.

Em pesquisa realizada pela Doutor E-commerce, a maioria das lojas virtuais registraram queda de até 49% nas vendas. As que mais sentiram o impacto da reabertura do comércio físico foram segmento de vestuário e alimentação.

Dando início ao que chamamos de Black Friday, o comércio físico preocupou-se em despachar os estoques acumulados por meio de promoções surreais que deixaram as lojas online com pouca margem para competição, resultando na queda de vendas.

Mas, o que pode ser feito?

Apesar da situação atual, provavelmente iremos começar a caminhar em rumo à normalização da situação, tanto do comércio físico quanto das restrições em relação aos demais serviços.

Não tente competir com os preços dos grandes lojistas que estão liquidando os estoques, especialmente se seu e-commerce for pequeno. Além de não ter preço para travar competição com as grandes redes, é muito provável que haja prejuízo na venda de seus produtos.

Nestes primeiros momentos, nos quais os consumidores ficaram dentro de casa por quase cinco meses, a reação natural é querer sair e fazer compras no comércio físico. Porém, é preciso entender que o comportamento do consumidor não é o mesmo de antes da pandemia.

No momento em que o desespero para sair de casa for acalmado, é muito provável que o consumidor volte a realizar as compras pela internet, pois a praticidade deste foi comprovada.

Investir no e-commerce

E se a sua loja foi uma das 107 mil abertas no período da pandemia, e as vendas não estão mais surtindo os mesmos resultados com a abertura do comércio físico, não é o momento para se desesperar.

Sempre digo que abrir um e-commerce não é fácil, e quem migra do físico para o online acaba cometendo alguns deslizes que o e-commerce não perdoa. Porém, é preciso persistir.

Parece clichê, mas é a verdade. Não desista do seu negócio online e não o trate como um gerador de renda sem esforço. É preciso planejar os próximos passos, entender que seu consumidor online pode ser diferente do físico e adaptar-se para manter ambos os canais funcionando.

O e-commerce só cresce, desde que nasceu. E apesar de tudo, ainda temos ótimas prospecções para este mercado, pelo menos para os próximos dez anos. Não seja uma loja de modismo que cai tão rápido quanto cresce, é necessário investimento e planejamento para que seu e-commerce funcione.

Assim como a internet não acabou com a televisão, o negócio online também não vai acabar com o físico e vice e versa. Mas, é necessário saber trabalhar com ambos para que funcionem em harmonia.