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A estratégia do marketplace bancário e a tendência da experiência unificada dos superapps

Por: Camila Isibara

Formada em Economia, possui experiência no mercado de fidelização em meios de pagamento com passagem pela Mastercard. Atualmente está no programa DCS - Digital Commerce Specialist da VTEX, que visa formar profissionais com competências técnicas e de negócio para o comércio digital.

Para além da concessão de empréstimo e venda de seguros, o marketplace bancário funciona como qualquer outro marketplace. É uma vitrine online de produtos de diversos varejistas. No entanto, conta com a parte do “bancário”, por ser gerenciado e estruturado por instituições financeiras, desde financiadoras de crédito até bancos digitais. E tem a vantagem competitiva de estar relacionado a outro serviço, benefício ou condição especial de compra.

Não é novidade que o crescimento da tecnologia têm sido um facilitador de trocas. Ele foi impulsionado, principalmente e infelizmente, pela pandemia da Covid-19. O segmento do comércio eletrônico teve, então, um catalisador em seu processo de expansão. Não somente abriu oportunidades para modelos de negócios serem impulsionados, como também tornou-se quase um requisito obrigatório de sobrevivência para diversos tipos de negócios que tiveram que manter fechadas as portas das suas lojas físicas. As instituições financeiras viram, então, o potencial que plataformas de serviços digitais têm de atrair e reter consumidores.

Já os superapps são os aplicativos que têm como objetivo a união de todos os tipos de serviços concentrados e facilitados em uma plataforma. E esse é o desejo de qualquer usuário do mundo digital.

O WeChat, superapp chinês criado em 2011 pela empresa Tencent, é até hoje um modelo de sucesso e referência para essa tendência. O aplicativo que nasceu com a finalidade da troca de mensagens, como é o WhatsApp para nós brasileiros, tem hoje a contratação de serviços, redes sociais, compra de produtos, realização de pagamentos e até pedidos de táxi em uma única plataforma, que já conta com mais de um bilhão de usuários.

Mirando nesse tipo de estratégia, inspirados pelo modelo chinês, as instituições financeiras, como a Creditas e o Banco Inter, têm investido no segmento de marketplaces por meio de parcerias com varejistas para fornecer as melhores condições para seus clientes garantindo o sucesso do modelo de experiência unificada.

O Banco Inter tem em seu superapp mais de 130 varejistas ofertando seus produtos e serviços. Além do marketplace, o Banco Inter possui vertentes como operações bancárias, crédito, seguros e investimentos. Assim, os clientes podem comprar produtos, reservar hotéis e pedir comida, com a vantagem de poder gerar cashback dessas movimentações.

De acordo com um artigo da Mckinsey&Company de 2020, um relatório da Forrester sobre o consumo na pandemia da Covid-19, 40% dos consumidores estão comprando mais online do que anteriormente. Antes da Covid-19, os marketplaces foram responsáveis por transacionar metade das vendas globais, foram US$ 2 trilhões nos 100 tops websites. Dentre eles, 60% estão nos Estados Unidos.

Vantagens do modelo

Para a instituição financeira, o poder está na sua base de clientes e ofertas de serviços financeiros. Além de informações sobre renda e movimentações do usuário final, os bancos podem entender o perfil de consumo para ofertar de forma mais assertiva os produtos de seus parceiros.

Elas já têm seu próprio serviço, e fazer parcerias para expandir o portfólio para a sua base de clientes pode ser uma boa estratégia de fidelização. Lembrando que as parcerias, em sua maioria, utilizam as operações de fulfillment dos varejistas ou empresas de fullcommerce que já possuem expertise na operação.

Os superapps, de uma forma geral, buscam por produtos e serviços com alta frequência e recência. São esses tipos de parcerias que fazem o marketplace ter um bom volume de transações e mantêm o usuário conectado. Quando se trata da instituição financeira, há ainda a possibilidade de incluir serviços financeiros e seguros que são menos frequentes, mas que possuem altas margens.

Para o varejista, uma das maiores vantagens são o tráfego e o alcance que o marketplace viabiliza. Há também outras vantagens, como menor investimento em marketing, uma vez que também é interessante para o próprio marketplace o investimento em mídia e propaganda para a venda dos produtos.

Além disso, há no marketplace a possibilidade de obter vantagens com relação às integrações, principalmente nos meios de pagamento e sistemas antifraude. Tendo um maior volume, o marketplace consegue obter melhores taxas pelo alto volume que transaciona.

Para o consumidor, a vantagem é uma experiência unificada. Importante destacar que no modelo do marketplace bancário ele pode ter melhores condições de pagamento, às vezes melhores preços e ofertas de cashback para continuar movimentando dentro da plataforma. O aplicativo se torna uma espécie de hub para tudo o que o consumidor precisa. Quanto mais atividades o usuário conseguir realizar, maior o tempo que ele ficará conectado.

Pensando em sua jornada, o cliente pode receber dentro da plataforma a sua renda, adquirir produtos e serviços financeiros, realizar suas compras com os benefícios, como promoções e condições de pagamento ou crédito e, no fim do dia, receber o seu produto no conforto da sua casa.