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2021 exigirá flexibilidade, mobilidade e foco nas pessoas

Por: Roberto Ribas

Roberto Ribas é Chief Strategy Officer e membro do conselho da Brivia. Com 22 anos de experiência, ao longo da trajetória, concebeu a metodologia BXM (Brand Experience Management) e sempre esteve na liderança de times multidisciplinares, na concepção e desenvolvimento de projetos de estratégias de marca e transformação digital para grandes marcas. Atuou no fortalecimento do setor, sendo co-fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Agências Digitais (ABRADi/RS). É formado pela UFRGS e tem especialização em Marketing pela ESPM.

“Os inéditos desafios socioeconômicos de 2020 exigem a plasticidade organizacional para transformar e compor o futuro”, afirmou Brian Burke. Com essa reflexão, o vice-presidente global de pesquisa do Gartner grifa a necessidade de adaptação que todas as empresas precisam ter para enfrentar as demandas da transformação — e que, em 2020, isso ganhou graus elevados de dramaticidade, ao gerar uma ruptura no processo evolutivo organizacional.

Com diferentes níveis de consciência e eficiência, a maioria das empresas vinha se adaptando e se acostumando ao contexto de mudança constante, mesmo que em um ritmo mais lento do que o necessário. Daí veio 2020, e a pandemia gerou um novo nível de caos e urgência. Exigiu novas estratégias e colocou à prova a capacidade de todos em responder a momentos de crise. Independentemente de crises sociais, pandemias ou recessões, não há saída para qualquer empresa que não seja a adaptação aos novos paradigmas de um mundo gasoso pós-digital.

Mas, tão importante quanto sensibilizar-se de que é preciso se adaptar, é preciso ter capacidade de delivery de estratégias e estruturas para manter a diferenciação e o ritmo de crescimento. O investimento em metodologias e tecnologias capazes de tornar temas como centralidade no cliente, agilidade, trabalho remoto e inteligência de dados realidade em todos os níveis da empresa deve ser o foco para 2021 — e, pelo menos, para os próximos cinco anos.

Para o Gartner, há três pilares que interagem entre si e ditam as tendências de investimento para o próximo ano:

Centralidade nas pessoas

Apesar de a pandemia mudar o número de profissionais que trabalham e interagem com as organizações, as pessoas ainda estão no centro de todos os negócios  —  e precisam de processos digitalizados para funcionar no ambiente de hoje.

Falamos muito sobre centralidade nos clientes. Acreditamos que o grande diferencial e propulsor dos negócios é sua capacidade de entender, atender e superar as expectativas de seus clientes. Mas, é preciso expandir esta visão para todas as pessoas que se conectam ao negócio — sejam clientes, colaboradores, parceiros ou fornecedores.

Há necessidade de implementar um processo de gestão da experiência em todos os pontos de contato com a marca, permitindo desenvolver uma experiência que entregue valor e engaje todas as pessoas que colaboram com o negócio. Isso constrói uma comunidade em torno da marca, fortalecida pelo compartilhamento de valores e crenças, e oferece uma excelente oportunidade para diferenciar uma organização de seus concorrentes.

Independência física

A Covid-19 mudou onde os funcionários, clientes, fornecedores e ecossistemas organizacionais existem fisicamente. A independência de localização requer uma mudança de tecnologia para dar suporte a essa nova versão de negócios.

A independência física se refere a um modelo operacional projetado para oferecer suporte a clientes em todos os lugares, habilitar funcionários em todos os lugares e gerenciar a implantação de serviços de negócios em uma infraestrutura distribuída. O modelo para operações em qualquer lugar é “digital primeiro, remoto primeiro”.

No entanto, não é tão simples quanto operar remotamente : o modelo deve oferecer experiências únicas de valor agregado. Fornecer uma experiência digital escalável e contínua exige mudanças na infraestrutura de tecnologia, práticas de gerenciamento, políticas de segurança e governança e modelos de engajamento de funcionários, clientes e toda a cadeia de valor.

Entrega resiliente

Seja em uma pandemia ou em um ambiente normal de temperatura e pressão, a volatilidade existe no mundo, e é preciso conviver com ela. Capacidade de adaptação é um dos grandes ativos a ser perseguido e sedimentado em 2021 e nos próximos anos.

A capacidade de adaptação passa essencialmente pelo desenvolvimento de uma estrutura organizacional flexível e modular, que consiga se movimentar e moldar de acordo com a volatilidade do contexto. A modularidade passa pela estruturação de times focados na entrega de valor para o cliente — que são suportados por competências transversais que mantêm o negócio apto a entregar qualidade ao longo do tempo. A flexibilidade passa pela autonomia dos times, para que a tomada de decisão ocorra na velocidade correta e baseada no aprendizado.

Tudo isso passa pela aplicação de tecnologias e ferramentas metodológicas, mas que devem ser direcionadas por uma visão de futuro clara e consistente. Alguns dizem que 2021 será o primeiro ano de um novo momento histórico — e, de fato, o início do século 21. Até agora, estávamos apenas em um processo de transição.