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10 coisas que estrangeiros se admiram sobre os negócios no Brasil

Em minha jornada profissional tive a oportunidade de acompanhar a abertura de mercado de algumas multinacionais no Brasil, e agora, fazendo parte de uma empresa americana que comprou a operação de uma nacional, vivencio essa conversão diariamente.

Vez por outra, contratamos ou consultamos empresas no exterior e geralmente nos adaptamos para conseguir viabilizar a operação, mas quando eles, aka gringos, precisam entrar no nosso mercado – a coisa muda de figura. Os tópicos abaixo são fruto de experiências vivenciadas na pele e apesar de não possuírem cunho científico e de serem, na maior parte deles, generalizados, ilustram um pouco dos desafios que o profissional globalizado terá de superar quando tratar com “gringos” querendo tropicalizar seus negócios!

Contratos

O primeiro problema aqui é que nós brasileiros não valorizamos muito os contratos. É bem comum encontrar prestadores de serviços que estão há anos em uma relação comercial sem contrato algum, ou então, os termos do contrato inicial já não valem mais e as condições mudaram. Não é comum lá fora iniciarem nada antes de firmarem a parceria. Nem a kick off meeting acontece sem as assinaturas, aqui, vamos tocando e depois resolvemos isso!

Outro ponto que gerou estranhamento foi o reajuste dos contratos serem regidos pelo IGPM. Um contrato que aumenta automaticamente cujo índice é variável e indefinido? Como assim?

Boleto bancário

É estranho, mas americanos não conhecem boleto bancário. O conceito de boleto bancário como nós brasileiros conhecemos, uma ficha de compensação com código de barras pagável em agências bancárias, lotéricas e correios não existe por lá. Depois de explicado o processo eles entendem, mas ainda há algum espanto em acreditar que pagamos um papel no banco e isso funciona.

Flexibilização das leis

Esse é um daqueles pontos que não nos faz ter muito orgulho, mas temos que admitir que existem leis que “pegam” e leis que não “pegam”. Isso é tão intrínseco na nossa cultura que chega a beneficiar a corrupção. Leis que ninguém cumpre ou que ainda não se firmaram, mesmo que sancionadas são difíceis de explicar.

Atraso em reuniões

Por mais que essa característica tenha sido cada vez menos aceitável nos ambientes corporativos tupiniquins, é comum, principalmente na alta administração, encarar o atraso de forma natural e admissível, quando em alguns países, soa-se como desrespeitoso e incomum.

O medo da verdade

Não dar uma notícia ruim, mascarar um resultado ou inventar um prazo sem base alguma são apenas algumas das situações que vivenciei e que geraram enorme stress simplesmente por que nós brasileiros, achamos que evitar o conflito pode trazer algum benefício até a resolução do fato, porém, aos olhos de um estrangeiro, isso soa muito mais como desonestidade do que como competência. Se não está pronto diga apenas que não está pronto ao invés de “Está quase acabando, já já entrego”.

O bom jeitinho brasileiro

Sabemos da nossa má-fama em dar jeito para burlar processos e a tal malandragem já difundida desde a aparição de Zé Carioca pelos castelos da Disney, mas nem sempre nosso jeitinho é visto com maus olhos. A capacidade de improvisação, criar negócios com poucos recursos, viabilizar projetos sem um mínimo de investimento e o nossa capacidade de transpor obstáculos de uma forma natural é também um grande diferencial. Países onde a economia é extremamente estável os menores obstáculos se tornam grandes muralhas.

Multifuncionalidade dos executivos

A economia estável e o modelo processual bem desenvolvido de alguns países criaram profissionais extremamente verticalizados e especializados em sua função. No Brasil, somos obrigados a conhecer um pouco de tudo, atuar em várias coisas ao mesmo tempo e isso nos torna multifuncionais ao ponto de impressionar os mais experientes executivos.

Leis trabalhistas

Nossas leis trabalhistas são em geral mal compreendidas, um dos tópicos que gerou espanto nas últimas conversas que participei sobre esse tema foi que o salário aumenta automaticamente todo ano, mas não conseguimos prever exatamente quanto.

Parcelamento

É improvável pensar no crescimento do varejo brasileiro, inclusive o e-commerce, sem considerar o parcelamento. Mas quem conhece um pouco do mercado americano ou já fez compras no exterior sabe bem que isso não existe por lá. As questões de crédito, parcelamento e financiamento possuem agentes e variáveis totalmente distintas dos nossos modelos, por isso, se torna tão difícil para eles entenderem os custos e os riscos desta forma de pagamento.

Impostos

IR, IPI, IOF, ICMS, ISS, INSS, PIS, COFINS, CSLL, Estaduais, Municipais, Taxas… Não tenho muito sobre o que explanar neste tópico, poucos são os brasileiros que compreendem nossos impostos e taxas, o que dirá um gringo?