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Receber o produto amanhã ou em 30 dias? Quem decide é o consumidor

Por: Odair Coelho Jr.

Executivo, empreendedor com mais de 27 anos de experiência profissional na Indústria Automotiva e de Serviços, atuando em e-commerce, marketplace, vendas, B2B e C, pós-vendas, marketing/ comunicação, desenvolvimento de serviços, rede de concessionárias, customer service, branding, entre outros. Tecnólogo Mecânico pela FATEC-SP, especialização em marketing e MBA executivo pela ESPM.

A decisão de compra é pautada por um conjunto de fatores, e não apenas pelo preço. Eu e mais uma centena de especialistas do segmento podemos afirmar isso. Aliás, isso não é e nunca foi novidade no e-commerce, também não é uma característica do brasileiro em particular. A experiência de comprar e receber no mesmo dia ou no seguinte faz brilhar os olhinhos de qualquer um de nós adeptos ao enter nervoso quando achamos o Produto — sim, com P maiúsculo, pois é ele que motiva o cérebro a dar o comando do GO!

Sendo assim, a resposta para a pergunta do título deve vir sempre amparada de vários elementos para ser (quase) exata. Nos dois seria o ideal. Porém, fazer a gestão de condições tão distintas requer ter energia em dobro — o que se traduz em ter mais gente ou mais horas à frente dos painéis de controle dos marketplaces. Então, conclui-se que manter o foco no segmento que domina e explorar a oportunidade ao máximo é o mais correto.

A provocação que fiz pelo tempo de entrega vem a reboque do anúncio da parceria da Nuvemshop e do AliExpress sobre a possibilidade das lojas do Brasil utilizarem o estoque da China. Isso muda o jogo pela questão de acesso, mas esbarra na ansiedade do cliente de ter o produto em casa rápido — dilema que o consumidor irá encontrar e terá que decidir se compra e corre para ver a van do entregador chegando, ou se aguarda 30 dias. Porém, já há relatos de 15 dias e até menos da entrega. Shopee é um outro player que vem chegando forte para somar nesse mercado.

Avanços motivados pela pandemia

A notícia sobre a parceria das empresas mencionadas segue boa para os sellers. Afinal, poderão trabalhar sem investir em estoque, por meio de dropshipping. Também não precisão atender a quantidades mínimas de pedidos de compra, desenrolar a burocracia referente à importação… E ainda correr o risco de ficar com dinheiro empatado com as mercadorias paradas no estoque.

Uma coisa é certa: no Brasil, o e-commerce vai bem, obrigado. Segundo a Money Times, com base no mês de fevereiro, foram 1,49 bilhão de acessos — 21% de crescimento comparado ao mesmo período de 2020. Esses números trazem benefícios a vendedores e consumidores, que ganham opções de sortimento, preços e modais para entrega. Ou seja, avanços que foram motivados por esses tempos difíceis em que vivemos e que deixarão a aceleração dessa modalidade de compras como legado.

O impacto no setor de autopeças

Sempre chamo uma questão para o segmento em que atuo com mais frequência, o de autopeças. Como essa vertical será impactada com o acesso mais fácil às compras internacionais?

Posso ensaiar uma resposta. Em peças complexas, o risco de comprar algo que não seja o correto é o mesmo, pois a deficiência do catálogo também é vista mundo afora. Entretanto, para donos de carros importados e fora de linha, será uma ótima alternativa, que deve crescer em números. Já para acessórios e eletrônicos, deve sim impulsionar e aumentar — as vitrines desses itens são fantásticas. Em relação aos pneus, outro grande item de volume da categoria, não apostaria que irá mudar, pois já temos muitas opções no mercado local.

A lição de casa que fica é sempre a mesma: buscar dados, analisar o mercado, ter foco na operação, construir bons anúncios e ter excelência no pós-vendas. Com isso, seja amanhã ou em algumas semanas, o seu cliente receberá e ficará feliz com a sua atuação.

Boas vendas!