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E-commerce: o que esperar para 2020?

Por: Felipe Morais

Felipe Morais é especialista em Planejamento Digital. Sócio-Diretor da FM CONSULTORIA e autor do livro Planejamento Estratégico Digital.

Começo do ano é sempre a mesma história: “quais são as tendências para o ano no segmento?”

No e-commerce não é diferente, afinal, cada ano que passa mais adeptos a esse tipo de comércio surgem no país.

Omnichannel, Internet das Coisas, vídeos, compra por voz, tudo isso já foi falado à exaustão em sites e eventos do setor. Porém, dentro do medo que permeia os gestores das marcas, isso está muito lindo no discurso, mas na prática é sempre mais do mesmo: plataforma, Google, Facebook e influenciador para aumentar as vendas. De fato, se bem feitos, aumentam, mas será que o e-commerce vive só disso?

Aplicativo para e-commerce

Quem lê esse artigo pode até me mostrar dados e números que comprovem milhares de downloads nas lojas virtuais.

Eu, como um cara de planejamento digital, que tenho nos números e nos comportamentos as bases do meu trabalho, não vou questionar. Mas a resposta que me satisfaz é qual a porcentagem de pessoas que baixam e utilizam o aplicativo para fazer, pelo menos, 5 compras ao ano?

Você mesmo sabe, sem olhar no celular, qual aplicativo de loja virtual tem instalado? Sabe, sem olhar, a última vez que usou? Se você responder positivamente a essas questões, parabéns! Mas pergunto: em um universo de 65 milhões de compradores de lojas virtuais, quantos tem aplicativo, compram 5 vezes ao ano e sabem de cor os que tem instalado em seus smartphones?

Digo isso, pois eu não conheço muitas pessoas que amam tanto uma marca a ponto de baixar o aplicativo apenas para compras. As pessoas compram todos os dias, porém, elas não fazem apenas isso. Tem algum aplicativo que você goste que tenha algo além da venda? Deveria ter, não?

Quando vejo o aplicativo da Zappos, que mostra o sapato na loja do concorrente quando ela não tem o modelo, gerando uma venda ao concorrente sem ser remunerada por isso, algo lançado há tempos (que sinceramente nem sei se está no ar ainda) e que no Brasil você seria xingado na empresa se desse a ideia, vemos o quão longe estamos do momento digital fora do Brasil, ao passo, de alguns estudos de 2020, colocarem aplicativo de loja como tendência.

Marketplace

Está aqui, mesmo que tardio, um conceito que está entrando mais na mente dos gestores de marca. Um jeito de expandir não apenas os canais em que a marca vende, mas também expandir o mix de produtos da sua loja.

Se você, por exemplo, vende copos de vidro pelo e-commerce, porque não fazer uma parceria com uma loja de vinhos online, oferecendo produtos a quem, obviamente, compra taças de vinho?

A mente do digital ainda está muito fechada devido ao “ah, mas isso dá um trabalho…”. Bem, tirando ser político, eu nunca vi algo dar dinheiro, sem dar muito trabalho antes.

Foque na usabilidade

Esse é um ponto muito mal explorado pelo pequeno e médio e-commerce, que é construído pensando no layout bacana, na melhor plataforma e no meio de pagamento que cobre menos taxas. Portanto, pouco se pensa no que realmente faz a diferença: a experiência das pessoas na compra!

Plataforma, meio de pagamento, layout e, muitas vezes, até produto, são commodities. Pense em como agradar aquele que está com o cartão de crédito na mão para comprar. Esse é o primeiro passo para começar a entender que com 80% dos acessos as lojas online vindo pelo mobile, seu site precisa ser construído para o mobile e depois para o desktop. Para ambos, a usabilidade muda! E é preciso entender e criar sites de acordo com o que a usabilidade traz de recomendações.

Commodities do e-commerce

Produtos foram, são e serão commodities. Não tire isso da sua cabeça. O iPhone é excelente, mas a câmera do ZenFone está melhor que do iPhone 11. O Samsung, falando de hardware, é melhor que o iPhone.

Praticamente, 65% dos celulares vendidos no Brasil são Samsung. O iPhone tem marca — e que marca!!! — e por isso é o mais desejado, mas não o mais vendido. Tenha essa exemplo em mente sempre. Ele vai ajudá-lo a entender que marcas diferenciam produtos cada vez mais “comoditizados” e seu site precisa ter uma marca forte!

Uma marca forte tem o que chamo de 4Ps do Branding bem definidos e claros: Promessa, Propósito, Público e Posicionamento. Quando isso está claro, e o 3º P (Público) está a par disso, entende-se os atributos e cria-se a conexão. Então a compra se faz quase que sozinha!

Pense nisso! Feliz vendas em 2020!