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Estudo sobre empreendedor digital brasileiro aponta evolução do mercado em dois anos

Por: Redação E-Commerce Brasil

Equipe de jornalismo E-Commerce Brasil

Realizada pela e.Bricks Digital e pela Consumoteca, segunda edição da pesquisa Perfil do Empreendedor Digital no Brasil mostra a profissionalização do mercado no país

O mercado de startups no Brasil chama cada vez mais a atenção dos investidores, sejam eles brasileiros ou internacionais. Todos os dias surgem novas empresas digitais no país – mas, de fato, quantas são escaláveis? Para mapear o mercado de startups e investidores do Brasil, a e.Bricks Digital, empresa de investimentos do Grupo RBS, e a Consumoteca, boutique de conhecimento especializada no consumidor brasileiro, realizaram em outubro de 2013 a segunda edição da pesquisa “O Perfil do Empreendedor Digital no Brasil” – o primeiro estudo sobre o tema foi realizado pelas duas empresas em outubro de 2011. Foram ouvidos 342 empreendedores digitais, por meio de questionário estruturado online, com apoio dos parceiros Endeavor, Brazil Founders, Anjos do Brasil, Brazil Innovators e Startupi.

A pesquisa apontou uma forte mudança no foco das startups. Em 2011, os entrevistados estavam empreendendo em Marketing Online (17%), Conteúdo (17%), Software (16%), Educação (14%) e Social Media (13%). Já em 2013, os segmentos apontados como os de maior investimento dos empreendedores foram Serviços (33%), Aplicativos (30%) e E-commerce (29%). “Os resultados apontam para uma clara profissionalização do mercado, tendo em vista que os setores de maior crescimento exigem mais dos empreendedores, tanto em capital quanto em esforço de equipe”, afirma Fabio Bruggioni, CEO da e.Bricks Digital. “Negócios disruptivos tem chances maiores de competir com players globais”, completa Bruggioni.

O estudo abordou também o ciclo de lançamento das startups. Segundo os entrevistados, o tempo médio para que os negócios e as ideias dos empreendedores entrevistados estejam prontos é de seis meses, um ciclo bem rápido. A pesquisa aponta que apenas 7% dos empreendedores ainda estão na fase de ideias, 8% estão com o projeto no papel, 33% estão em fase inicial de desenvolvimento, 26% estão com seus produtos em fase beta e 26% já estão com o produto finalizado.

Quando questionados sobre a formalidade dos negócios, 78constituem empresa formal ou estão no processo de legalização, um número bem próximo aos 77% que estavam nessa situação em 2011. Quarenta e três por cento dos empreendedores trabalham exclusivamente em seus projetos, enquanto que 52% dedicam parte do seu tempo ao negócio. Vinte e sete por cento dos entrevistados afirmaram ter uma equipe formada por quatro ou seis pessoas; 15% responderam tocar o negócio sozinhos.

Financiamento e apoio – A falta de recursos é a principal barreira para os empreendedores digitais no país, de acordo com 45% dos entrevistados. Se pudessem, portanto, contar com um apoio de empresas especializadas em startups, 33% dos entrevistados pediriam financiamento. Já 28% de empreendedores gostariam de ter mais contato com o mercado, ou seja, maior facilidade para apresentar e comercializar o produto desenvolvido.

Aproximadamente 80% dos projetos são financiados pelos sócios do negócio, ou seja, sem a presença de um investidor externo. Entre os que não possuem investimento externo, 27% já apresentaram seu projeto para algum investidor.

O status após a apresentação dos projetos a investidores não possui diferença significativa entre os numero de 2011 e os de 2013. Em ambas as pesquisas, 42% dos entrevistados disseram estar em negociação e 17% afirmaram que não houve interesse por parte dos investidores, dois pontos percentuais a mais que em 2011. Nove por cento dos empreendedores entrevistados disseram estar trabalhando na lista de exigências – em 2011 eles eram 8%. Dos que não contaram com investimento externo, 46% disseram ter a intenção de apresentar posteriormente – em 2011 este número era de 55%.

Uma parcela pequena dos empreendedores entrevistados possui algum tipo de financiador, como investidor anjo (12%), empresa de venture capital (5%), empresa privada (4%) ou banco de investimento (1%).  A participação de programas do governo e instituições de ensino é baixa, 3% e 1% respectivamente.

Perfis de investidor – De acordo com os entrevistados, um investidor hoje não é apenas uma fonte de recursos financeiros, mas, principalmente, um parceiro. Para 39% dos entrevistados, o empreendedor precisa ter uma boa rede de contatos para ajudá-los a abrir portas e a crescer. Apenas 2% desejam apenas o dinheiro do investidor. Abaixo, os quatro perfis de investidor mapeados pela pesquisa:

Abridor de portas – Esse é o parceiro que tem uma grande rede de relacionamento. Possui o tino comercial que muitos empreendedores buscam. É imprescindível que conheça o segmento de atuação do negócio para que as ações sejam dirigidas sem perda de tempo.

O Especialista – Possui bons conhecimentos econômicos de mercado para auxiliar o empreendedor. Como geralmente o empreendedor é técnico, é importante ter um parceiro que entenda de economia e negócios. Deve ajudar o empreendedor a tomar as decisões baseados em reports, números e dados.

O Estrategista – É o responsável por repensar toda a inteligência do negócio e apresentar novos rumos. Neste caso o parceiro é visto como um “conselheiro”, mas é imprescindível que trabalhe no projeto, dedicando tempo ao negócio junto com o empreendedor.

O Financiador – Perfil tradicional de investidor, que financia o novo negócio em troca de participação. É fonte de recursos financeiros, mas não auxilia em outras atividades, como estratégia e networking. É um perfil que os empreendedores não valorizam atualmente.

Perfil do empreendedor – A pesquisa aponta uma concentração de empreendedores nas regiões Sudeste (43% estão em São Paulo) e Sul (21%). Os empreendedores são, em sua maioria, homens com idade entre 25 e 40 anos. A pirâmide social dos empreendedores é diferente da população brasileira, privilegiando pessoas com maior poder aquisitivo e alto nível de escolaridade – 42% fizeram algum tipo de pós-graduação.

Cursos de graduação relacionados à tecnologia são os mais comuns entre os empreendedores digitais (19%), seguidos por administração de empresas (16%) e comunicação social (13%). A necessidade de gerir seu negócio e colocar sua ideia para frente faz com que os cursos de pós-graduação mais frequentes estejam relacionados com gestão de negócios (23%), marketing (16%) e administração de empresas (11%).

Inspiração (histórias de outros empreendedores) e experiência profissional são os fatores que mais influenciam um empreendedor na hora de pensar em ter seu negócio (42%). E sua motivação é trabalhar com o que gosta (73% em 2013 e 79% em 2011), seguido do retorno financeiro (50% em 2013 e 52% em 2011) e da oportunidade de crescimento profissional (44% em 2013 e 54% em 2011). As motivações se mantiveram as mesmas em 2011 e 2013.

Dos entrevistados, 45% disseram que a falta de recursos financeiros ainda é o principal problema dos empreendedores digitais no país. Em 2011 este número foi de 44%. A burocracia (39%) e a falta de mão de obra qualificada (35% em 2013 e 30% em 2011) também apresentam elevados percentuais. Observa-se redução significativa na insatisfação com políticas públicas de incentivo (28% em 2013 e 34% em 2011) e na falta de tempo para dedicação ao projeto (18% em 2013 e 34% em 2011).

Em 2011, a média de tempo em que os entrevistados se consideravam empreendedores era de 30 meses (2,5 anos). Em 2013, esse tempo subiu para 40 meses. Apesar do crescimento, a média não cresceu em 24 meses (tempo entre as duas pesquisas), indicando que ainda existe uma taxa de desistência elevada.