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Brasil patina para acompanhar a alta do transporte de cargas do mundo

Por: Alice Wakai

Jornalista, atuou como repórter no interior de São Paulo, redatora na Wirecard, editora do Portal E-Commerce Brasil e copywriter na HostGator. Atualmente é Analista de Marketing Sênior na B2W Marketplace.

A expectativa global do setor é de crescer 4% nos próximos cinco anos. Problemas com intermodalidade são o principal vilão para o país seguir o crescimento do resto do mundo

Enquanto o transporte internacional de cargas tem previsão de crescimento de 4,1% ao ano, nos próximos cinco anos, o Brasil ainda possui desafios em infraestrutura para conseguir acompanhar o avanço global. A perspectiva do mercado é que a falta de intermodalidade seja o pior vilão para o setor avançar.

“A falta de interligação entre os modais é o principal problema. Os ganhos de tempo trazidos pelo frete aéreo são perdidos nas rodovias”, explicou o professor de logística e transporte da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rui Santos.

Para o acadêmico, as concessões aeroportuárias trouxeram ganhos ao setor, mas o foco é maior no transporte de passageiros. “No transporte de cargas ainda temos muito que evoluir”, prevê.

Outro desafio para o Brasil é superar a retração econômica dos últimos anos. “Há dois anos, o País possuía um dos maiores mercados de carga”, afirmou o diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) Brasil, Carlos Ebner. Para ele, os principais fatores que seguraram o mercado foram a desaceleração do PIB e das importações e exportações do Brasil.

Mercado global

De acordo com o relatório divulgado ontem pela Iata, o crescimento de 4,1% ao ano reflete uma melhoria significativa do setor, já que no período de 2011 a 2014 a média de crescimento foi de 0,63%.

“A carga aérea continua sendo vital para o sistema econômico global. Este ano, mais de US$ 6,8 trilhões foram movimentados, o equivalente a 35% do total do comércio mundial em valor será transportado via avião” disse Tony Tyler, diretor geral e CEO da Iata.

Entre os fatores que podem frear esse crescimento, o executivo destaca as barreiras comerciais entre países. “Apesar do quadro positivo, os riscos de problemas na economia, como o protecionismo comercial é um perigo constante. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), entre novembro de 2013 e maio 2014, 112 novas medidas restritivas ao comércio foram decretadas pelos governos do G20”, disse.

Sistema eletrônico

Para a Iata, um dos fatores que impulsionará o setor global é a modernização dos sistemas aeroportuários de carga. Atualmente, 19,4% dos aeroportos já utilizam o e-AWB (Air Way Bill), sistema de reconhecimento eletrônico, que possibilita a redução média diária de transporte. A ferramenta diminui os dias de transporte de 6 dias e meio para até 48 horas. A expectativa da indústria é de que até o final de 2014, 22% dos aeroportos mundiais utilizem o serviço.

No Brasil, o sistema já foi implantado nos aeroportos de Guarulhos (GRU Airport), em São Paulo e Viracopos, em Campinas. E de acordo com o diretor geral da Iata Brasil, a previsão é que o Galeão, no Rio de Janeiro irá aderir o sistema. “Com esses três aeroportos, 70% do mercado de carga terão identificação eletrônica”.

Para ele, a implementação do sistema nos aeroportos brasileiros irá representar a desburocratização do setor e consequentemente, o crescimento do mercado.

Transporte doméstico

De acordo com a Abear, o transporte aéreo doméstico atingiu 393 mil toneladas em 2013, alta de 2,6% ante o ano anterior. Entretanto, o volume representa apenas 10% do transportado nos Estados Unidos (EUA). Ainda segundo um estudo da entidade, a expectativa é que o mercado tenha crescimento de 58% até 2020.

Entre as companhias brasileiras de transporte aéreo de carga que anunciaram crescimento estão a Avianca Brasil, com previsão de crescimento de 30% da carga transportada até o final do ano e a Azul Cargo que já teve resultados nos primeiros oito meses do ano, com alta de 23%, ante o mesmo período em 2013. “Estamos em um processo de recuperar a confiança das empresas do setor”, afirma Ebner.

Para ele, o transporte de cargas domésticas é majoritariamente rodoviário, mas o aéreo ainda possui muito espaço para crescer.

Fonte: DCI