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Vender online para o exterior: uma tarefa muito mais fácil do que se imagina

É bom que se diga: o momento requer que varejistas efetivamente arregacem suas mangas e comecem a desbravar o grande mercado online que existe além-fronteiras. Afinal, o comércio eletrônico entre empresas e consumidores de países diferentes deixou de ser uma suposição e já apresenta números que seduzem o mais cético dos empresários. O estudo Rota das Especiarias (do inglês, Spice Routes), encomendado pelo PayPal à Nielsen e publicado no ano passado, afirma que consumidores dos Estados Unidos, China, Alemanha, Reino Unido e Austrália já descobriram os sites brasileiros. Compraram no ano passado R$ 1,5 bilhão em produtos ofertados em nossas lojas digitais. Até 2018 deverão importar de sites brasileiros R$ 4 bilhões por ano.

E nem é preciso vender para muito longe. Ao contrário. Uma pesquisa Radius Global (http://www.radius-global.com/) publicada em outubro de 2013 indica que o fluxo inter-regional de e-commerce na América Latina já chegou à casa dos US$ 70 bilhões anuais. Em um levantamento que feito entre 400 empresas online na região – incluindo Brasil, México, Chile, Argentina, Colômbia, Peru e Costa Rica – percebemos que as exportações derivadas de vendas online dessas empresas latino-americanas chegam a contribuir com 40% de suas receitas. O que mais chama a atenção é que a maior parcela de seus clientes estrangeiros situa-se aqui mesmo, na América Latina (36%). Os norte-americanos, que seriam os compradores mais óbvios, ante a cultura local de e-commerce, têm uma importância ligeiramente menor, correspondendo a 34% da base dos clientes estrangeiros dessas empresas da região.

Diante de tamanha oportunidade, seja na América Latina, seja em outros mercados, a pergunta que faço é: estamos dispostos e prontos para abocanhar a nossa fatia desse vigoroso fluxo de transações comerciais? Para muitos empresários, uma das principais preocupações é o custo envolvido nas vendas ao exterior. Felizmente, essa preocupação é muito mais mito do que um desafio real. As ferramentas básicas para se ingressar no mercado global – como uma página web num market place internacional – são acessíveis igualmente a grandes e pequenas empresas.

E para quem já se lançou nessa grande aventura, valem algumas dicas. A primeira delas diz respeito ao conteúdo do website, que deve ser oferecido na língua dos países que se busca atender, e pelos preços, que devem ser cotados em dólar. Também é importante ter em mente a força das mídias sociais, cuja penetração na América Latina cresce a olhos vistos. De acordo com a European Travel Commission (ETC), a metade dos países mais conectados às redes sociais está, exatamente, na América Latina. O Brasil, por sinal, conta com o maior número de usuários do Facebook, logo atrás dos Estados Unidos. Desses usuários, 70% alegam que confiam mais nas informações compartilhadas nessas redes do que em outras fontes. As redes sociais, portanto, devem estar no DNA da estratégia de marketing. São uma forma barata e eficaz de obter bons resultados.

Tenho mais algumas sugestões para o comércio transfronteiras via web. É preciso aprender a otimizar o motor de buscas em favor de sua empresa e de seu produto, atraindo consumidores de outros países. E ter em conta que a fase mais crítica para a desistência da compra dá-se no momento da efetivação do pagamento pelo consumidor estrangeiro. Ou seja, é essencial ter uma etapa de transação financeira online que seja fácil, em moeda familiar e ofereça o melhor método de transferência de valores para o cliente.

Em outra frente, é fundamental assegurar que os canais de comercialização e venda de todo website já estejam habilitados para também abrigar as soluções móveis. A última pesquisa do WebShoppers/E-bit (30ª. edição) dá conta que, até o final deste ano, 10% de todas as compras online feitas no Brasil serão via dispositivos móveis. Estamos falando de compras cujo tíquete médio está na casa dos R$ 333,40. Já nos Estados Unidos, esse tipo de compra é ainda mais popular. A Local Corporation, uma empresa de marketing digital, publicou o estudo “Unlocking Today´s Mobile Shopper: What Drives Them to Buy” (ou, em português, “Desvendando o comprador móvel de hoje: o que os move a comprar”) que revela que 27% das compras online dos Estados Unidos já se dão por meio de aparelho móveis.

Também é preciso garantir que haja um canal de comunicação direta entre o internauta e o gestor do negócio em caso de dúvidas, reclamações ou consultas “fora da caixa”. O pós-venda é outro ponto da lista de recomendações. Além de garantir um serviço de atendimento ágil no idioma dos países-alvo, o mentor de todo e-commerce deve se certificar de que as políticas de devolução de dinheiro sejam claras para quem compra.

Enfim, o momento exige que o empresário dê o grande salto para captar as oportunidades que existem na América Latina e no restante do mundo. E isso só é dado por quem ousa integrar seus sistemas de gestão à venda online, fechando o ciclo do atendimento. Algo, aliás, muito mais fácil do que se supõe.