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Quais lições o colapso do varejo de rua britânico deixa?

Por: Alessandro Gil

VP de Enterprise Solutions da Locaweb Company

VP de Enterprise Solutions da Locaweb Company e da Wake (uma empresa Locaweb), Alessandro Gil tem mais de 20 anos de carreira, com extensa experiência em e-commerce e estratégia de expansão de negócios. É formado em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), com MBA em Marketing. Antes de liderar a Wake, passou por empresas como Linx, VTEX, Rakuten Brasil e Ikeda.

No Reino Unido, país com tradição em relação aos ‘High street shops’, como a famosa Oxford Street, as recentes notícias têm mostrado a real decadência do varejo tradicional com grandes empresas e marcas fechando as portas e demitindo funcionários em massa. Realidade difícil de acreditar. Segundo noticiário local, a John Lewis, um dos players mais fortes do varejo britânico, já demitiu 325 gerentes; na cadeia de moda Republic, outros 2.500 postos de trabalho estão ameaçados; na Blockbuster, que já fechou 164 lojas, 800 funcionários devem ser demitidos; e outros players famosos, como HMV e Jessops, também entraram em colapso.

As lojas que resistem já receberam o alerta. Ou repensam a maneira como estão desenvolvendo seus negócios ou em breve podem fazer parte da crescente lista de vítimas que entraram em colapso nos últimos meses. A recessão no varejo britânico causou, até o momento, um prejuízo de £23 bilhões aos varejistas, de acordo com dados da empresa de pesquisa Conlumino.

Os varejistas com maior poder financeiro se mudaram para os shopping centers. E isso significa que as lojas âncoras estão desertando o varejo de rua. “É muito tarde para o varejo de rua britânico; ele acabou”, afirmou o principal administrador da Blockbuster, Lee Manning.

Outros varejistas passaram a prestar mais atenção às mudanças que a tecnologia está trazendo para o varejo e estão reavaliando suas estratégias. Um forte posicionamento tem sido investir no online para apoiar o comércio das lojas offline e empresas que adotaram o atendimento multicanal estão conseguindo melhores resultados. Foi o que aconteceu com a varejista Argos que em 2012 viu suas vendas multicanal crescerem, alcançando 51% do total de suas operações (£418 milhões). As vendas pelo canal online registraram aumento de 17% e representaram 41% do total das vendas da empresa. A alta foi impulsionada pelo serviço online “Check & Reserve”, no qual os clientes verificam o estoque e os produtos pelo site, fazem a reserva e depois retiram o produto na loja que desejarem. Esse serviço cresceu quase 24% e representou 29% das vendas totais da Argos.

Isso tudo parece mais fácil para os grandes varejistas e muito complicado para os pequenos. Mas para estes, já existem opções de serviços que conseguem desmistificar o e-commerce e ajudar o varejista a operar de forma tranquila, como os marketplaces. São ideais para pequenas empresas que possuem pouca receita para esse tipo de investimento, falta de conhecimento sobre como lançar e gerir a operação, etc.

Independente de qual seja a estratégia adotada, os varejistas de qualquer parte do mundo precisam ter em mente agora que o futuro do varejo está na internet. No Brasil, apesar dos bons números do varejo previstos para este ano, a crise britânica serve de alerta para que os lojistas que ainda não têm operação online reavaliem esse canal. Ao longo dos anos a tendência para o País, com o crescente aumento de usuários de internet, novas formas de acesso ao comércio eletrônico através de dispositivos móveis e aumento de renda, é que o e-commerce se expanda e se torne uma alternativa de compra tão simples e natural como o varejo tradicional.

Em suma, a aposta deve estar em ser multicanal, oferecer opções diversas de SAC, estar próximo dos seus clientes nas redes sociais e, acima de tudo, tentar manter-se em dia com as tendências que continuamente surgem para mais tarde não ser engolido por elas.