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Mercado de Moda no Brasil: e-commerce x exportação

Por: Erica Borges

Sócia diretora na THE GOAL

E-commerce Cross-Border

A moda brasileira tem uma imagem muito positiva no mundo. O mercado está promissor com a alta do dólar e incentivos fiscais. Movimentamos mais de US$ 90 bilhões em faturamento na cadeia têxtil e de confecção a gemas e metais preciosos, do couro aos calçados.

O setor têxtil e de confecção brasileiro tem grande destaque no cenário mundial, sendo a sexta maior indústria do mundo, o segundo maior produtor de denim e o terceiro de malhas (Fonte: Apex-Brasil). As empresas contam com grande apoio da Apex-Brasil e associações setoriais como Abit, Sindijoias, Abicalçados, entre outras, no processo de exportação e internacionalização da indústria.

O e-commerce Cross-Border ou Transfronteiriço possibilita que a indústria atinja novos mercados no mundo com robustez e eficiência. Esta megatendência do varejo global vem para redefinir cultura e estratégia na tecnologia de negócio. A expansão se deve ao comportamento do consumidor de poder comprar online dos varejistas estrangeiros, rompendo fronteiras geográficas em busca de novos produtos e preços. Vestuário e calçado são as categorias que lideram a lista de procura.

Os serviços especializados nestas operações para negócios de pequeno à grande porte, estão disponíveis para incentivar o consumidor na conversão de vendas e simplificar a gestão da logística envolvida nessas operações.

A previsão de crescimento do e-commerce Cross-Border é de 38% anualmente para alcançar US$ 300 bilhões até 2018. Os consumidores já estão gastando US$ 105 bilhões em compras feitas no exterior, segundo pesquisa realizada em seis importantes mercados. As vendas na intra-América Latina representam um volume maior, segundo a Statista, na região estima-se US$ 70,6 bilhões em 2016. (Fonte: Paypal)

Pesquisa do Google e TNS em abril 2015, constatou que 41% dos compradores digitais no Brasil fizeram uma compra cross-border pelo menos uma vez ao ano. A idade de 25 a 34 (48%) e os menores de 25 anos (45%) foram os mais propensos. (fonte eMarketer)

 

No mercado mundial a Ásia lidera as vendas com 40%, é a região com maior consumo online. Os consumidores cross-border preferem comprar de varejistas maiores e mais conhecidos, principalmente dos marketplaces globais. O grupo Alibaba é o mais procurado pelos consumidores do Brasil e de outros países.

A Amazon, em contrapartida, lançou o SCBA (Supply Chain da Amazon), sistema de varejo de larga escala que permite as empresas venderem para qualquer lugar do mundo com suporte, frete grátis e entrega em no máximo 3 dias. E assim, seguem nesta disputa pelo domínio do varejo global que poderá gerar US$1 trilhão em receita no e-commerce cross border até 2020.

Observando este movimento do mercado mundial, temos que olhar atentamente para Joor Access, Marketplace B2B de Moda que iniciou sua operação em 2011. Hoje conta com 155 mil varejistas comprando atacado online para suas lojas. São mais de 1.500 marcas como Alexander MCQueen, Michael Kors, Vera Wang e continuam absorvendo em média 50 novas marcas por mês.

Este ano pretendem gerar cerca de US$ 25 milhões em receita e-commerce B2B, com um crescimento 67% maior em relação a 2015. Estima-se que o valor bruto do marketplace será de US$ 15 bilhões em 2016. Este aumento das ofertas de marcas tem atraído recentemente compradores de grandes redes de varejo como Harrods, Neiman Marcus, Bergdorf Goodman e Myer Department Store.

A companhia já expandiu seus negócios para América do Norte, Europa e Asia. Esta imagem abaixo já fala por si, blocos de pedidos carbonados, line sheet, entre outros, já estão ultrapassados com essas novas ferramentas de pedidos digitalizadas que facilitam o trabalho do Fashion Buyer.

Revolução Digital na Industria de Moda Brasileira

O varejo de moda brasileira esta atravessando a maior crise econômica e precisa acelerar o rompimento dos modelos de negócios tradicionais, que não atendem integralmente as necessidades de consumidores e empresas. A Revolução Digital é necessária e irreversível, para as operações B2C e B2B. O momento é de investimento em tecnologia, redução de custos, eficiência na gestão e expansão de fronteiras com produtos que atendam a consumidores globalizados.

Este cenário disruptivo dispõe de recursos tecnológicos que precisam fazer parte da estratégia e não somente como suporte. As empresas devem estruturar bem o planejamento de Opex, de forma que seja absorvido no DNA da cultura organizacional. São muitas informações para alinhar, e mudança de processos para lidar com esse imenso volume de dados. O investimento em consultoria especializada e capacitação do time é fundamental para o sucesso do projeto, garantindo assim que as empresas conquistem maior produtividade.

Ainda encontramos no setor muitas empresas que não investem na área do comercio digital com a devida importância. Deixando assim, que o “gestor do negócio tradicional” de marketing e comercial acumule funções. Consequentemente conduz esta operação sem a qualificação necessária para realizar a disruptura digital, este profissional tende a falhar. E na maioria dos casos, porque não conseguem atender a demanda de ambas as áreas.

É como ter uma Ferrari e não saber pilotar. Isso é um grande erro, porque estamos falando de um novo ambiente de negócios, que este gestor precisa estudar e ler artigos diariamente para se atualizar sobre tecnologia e tudo que envolve este universo digital.

São novas formas da gestão de métricas e conexões com consumidores. Por isto investir no capital humano, capacitar e transmitir essa nova cultura para os colaboradores é o mais importante. Porque são eles que fazem a máquina funcionar e a produtividade avançar. Motivados estes levantarão a bandeira da marca como embaixadores, e consequentemente refletirá na satisfação dos clientes.

Os consumidores digitais por sua vez são empoderados pelas redes sociais, e valorizam cada vez mais o relacionamento e experiência com produtos e serviços. Eles influenciam e engajam com as marcas que se identificam. As oportunidades de trazê-los para sua marca estão diretamente ligadas ao bom uso dos recursos disponíveis no mercado como Plataformas com usabilidades que convertem, CRM, Clusterização, ERP, Omni Channel, Clouds, Sistema de Lojistica Avançado e todos recursos do Markeing Digital.

Tudo isto está acessível hoje, porém o “Planejamento” precisa ser feito com riqueza de detalhes para ter sucesso. Neste negócio precisa-se contratar várias empresas prestadoras de serviço ou unificar numa full service, pesquise fornecedores com boas referências e certifique-se da qualidade dos serviços prestados.

É preciso manter estes consumidores interessados no seu produto, e ter a inteligência de negócio orientada para a cultura da excelência no atendimento, com equipe bem preparada para atender em outros idiomas e culturas. Afinal de contas por trás de toda tecnologia existem pessoas que se relacionam e trocam experiências.

Se é comércio “o core business é vender e atender bem seus clientes”, o restante são meios para isto. Um ótimo exemplo é o case da Zappos que tem índice de conversão acima de 40%, e se mantém muito acima da média porque não economizam esforços para atender os clientes com alto nível de satisfação.

“O Net-a-Porter, um dos maiores e-commerces de luxo do mundo, volta a olhar para o Brasil. O foco não é vender para cá, mas selecionar estilistas brasileiros para o portfólio da loja online.” (fonte Compradora do Net-a-Porter para FFW, 2015). Isto é fato! Marcas que buscam este caminho destacam-se no mercado internacional, são inúmeros marketplaces para todos os nichos.

Estou sempre presente nas principais feiras e salões de moda no Brasil e exterior, e fico cada vez mais entusiasmada com a demanda de compradores internacionais dos grandes players comprando nossas marcas. É nítido, como a digitalização pode disponibilizar estes produtos e dar capilaridade aos pontos de venda ofline e online por todo mundo.

“Exportar é fácil” e “Tecnologia é acessível”, a indústria de moda brasileira precisa sair do status quo, buscando as soluções e ferramentas que já estão disponíveis para realizar essa disruptura. Esta é uma grande oportunidade para sair da crise. “Internacionalizar e Digitalizar” para atender estes consumidores do grande shopping global.

“Não se trata mais de o grande engolir o pequeno. Agora é o mais rápido que engole o mais lento.” (Larry Carter)

Publicado originalmente em: https://www.linkedin.com/pulse/mercado-de-moda-brasil-e-commerce-x-exporta%C3%A7%C3%A3o-erica-borges?trk=prof-post