Há muito interesse em relação ao e-commerce na América Latina. Está claro que tanto os consumidores, quanto os merchants (aqui entendidos como empresas com e-commerce massivo) da região estão se beneficiando de uma conectividade maior, da conveniência do mundo móvel, e da ascensão de uma classe média pronta – e sedenta – para comprar online. No entanto, poucos tiraram proveito de uma oportunidade significativa: o comprador cross-border, ou seja, daquele consumidor que faz compras online em sites de outros países.
A verdade é que o e-commerce não conhece fronteiras e seus consumidores querem comprar tudo o que bem entendem, em qualquer lugar do mundo. Isso se traduz em um público potencial gigantesco, proveniente de qualquer parte do planeta. A propósito, um estudo internacional do Paypal, realizado em seis importantes mercados, demonstra que os consumidores já estão gastando US$ 105 bilhões em compras feitas no exterior. E que este volume continuará a crescer 38% anualmente para alcançar os US$ 300 bilhões já em 2018.
Alcançar o poder de compra de uma base ampla e global de consumidores faz todo o sentido e isso é particularmente verdadeiro para os merchants latino-americanos. É verdade que ninguém se surpreende com o fato de uma parte importante dessas vendas – algo como um terço delas – ser feita por consumidores norte-americanos. No entanto, as vendas intra-América Latina representam um volume maior. Ou seja, o comércio intra-regional equivale à maior parte das exportações online dos merchants latino-americanos.
De acordo com o Internet World Stats, em 2012, a América Latina já contava com 236 milhões de usuários online, e em breve ostentará mais aparelhos móveis do que pessoas, prevê aInforma Telecomms and Media. Esses consumidores estão prontos para romper as fronteiras geográficas em busca de melhores preços e produtos, fazendo do mundo inteiro o seu shopping pessoal, e contribuindo para o crescimento do e-commerce, que deverá atingir, segundo a Statista, a casa dos US$ 70,6 bilhões em 2016 na região.
As empresas latino-americanas já se deram conta desse fenômeno e passaram a aproveitar a oportunidade que representa. O Paypal, por exemplo, orgulha-se de ostentar hoje de uma penetração de 92% entre os exportadores online da América Latina. E tem testemunhado que esse fenômeno se dá tanto entre as pequenas empresas que abriram subsidiárias ou escritórios fora de seus países de origem, quanto com os gigantes regionais.
A oportunidade também se apresenta para as empresas que ainda não exploraram o que o comércio intra-regional tem a oferecer. Aliás, não é preciso muito para isso. Basta criarem uma estrutura básica, a partir de um website que possua um processo de compras que seja, acima de tudo, seguro, fácil e prazeroso. Também é necessário dispor de uma solução de pagamentos simples, confiável, e que possa realizar transações em diferentes moedas. Por fim, é desejável que o empreendedor disponha de uma estratégia de geração de demanda, faça uso de ferramentas de mídia social, publicidade online e mobile marketing. Vale a pena. Afinal, uma oportunidade de US$ 70 bilhões os espera.