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Chargeback: quem perde com isso no e-commerce?

Por: Daniel Bento

Diretor de meios de pagamento da Associação Brasileira de E-commerce (ABComm), CO-Fundador do Antifraude Konduto.com, professor do ICF e da CommSchool, proprietário da empresa de consultoria Delta Bravo e Sr Advisor da Moviu.com.br

“Os adquirentes e bancos não estão nem um pouco preocupados com a fraude no e-commerce, isso porque o único prejudicado é o lojista online que tem que arcar com o prejuízo”. Quem opera e-commerce vai concordar com muita facilidade com esta afirmação, mas será que o ponto de vista está correto?

No varejo físico, ao pagar em uma máquina (POS) para passar o cartão e colocar a senha, o empresário sabe que é uma transação segura, pois vê o próprio dono do cartão que está pagando. No entanto, no e-commerce essa situação não existe e a transação é feita apenas com os dados do cartão, utilizando o formato Cartão Não Presente (CNP).

Quando um site é autorizado a receber pagamentos online, ele deve saber que, naquele exato momento, o adquirente confiou nele um importante pedaço do sistema financeiro. O e-commerce agora é o portal de entrada de pagamentos, assumindo esse papel, responsável por um “elo” dessa cadeia de serviços financeiros.

Pense nessa situação: se alguém roubar um número de cartão em um posto de gasolina por exemplo, e usar os dados para efetuar uma compra online em um site pouco preocupado com a origem do número desse cartão, o proprietário dentro de algumas semanas terá uma péssima surpresa quando receber a fatura mensal e buscará junto ao banco uma forma de se proteger dessa cobrança indevida, o que acarretará a execução de um chargeback, gerando um prejuízo certo para o e-commerce que fez a venda.

Agora, se pensarmos nesse e-commerce que recebeu esse pagamento, o que ele tem com isso? Ele confiou no internauta e fez uma venda que foi aprovada pelo banco e pelo adquirente. Então porque o prejuízo é “só” dele? Na verdade, o prejuízo está longe de ser “só” dele, como pensamos no e-commerce. Toda a cadeia de serviços financeiros sofre em cada fraude.

Segundo dados informais do setor, para cada R$ 1,00 perdido em fraudes no e-commerce, os adquirentes e bancos gastam outros R$ 1,50 com medidas de controle, processos para identificar o vazamento de dados de cartão e a substituição de cartões dentro do mercado.

Esses custos estão dentro das expectativas do setor, não seria nenhum absurdo dizer que isso faz parte dos balanços dos adquirentes e dos bancos, mas será que aquele R$ 1,00 perdido estava previsto no orçamento daquele e-commerce? Minha aposta é que a resposta mais comum será “não”, e é justamente esse “não” que separará os homens dos meninos.

Vamos partir do princípio que o e-commerce entendeu a sua importância em zelar pela cadeia de pagamentos. O que ele deve fazer agora?

1 – Entender o comportamento de compra de seu cliente, ciclos de compra e valores médios: Isso te ajudará a construir um perfil do bom comprador e em que pontos o comportamento do fraudador se distancia desse modelo.

2 – Usar ao menos uma ferramenta antifraude do mercado: Isso vai proteger seus negócios e o sistema financeiro, tentando manter os seus índices de fraude entre 0,3% e 1,0%

3 – Assumir em seu orçamento anual que você sofrerá sim algumas fraudes e que a média dessas fraudes estará entre 0,3% e 1,0% do seu faturamento bruto;

Resumindo:

Assuma que todos perdem com uma fraude online, e não apenas o seu e-commerce. Saiba que quando o adquirente permite que sua loja receba pagamentos online ele está confiando que você usará as ferramentas tecnológicas existentes no mercado para proteger tanto o negócio dele quanto o seu e-commerce.

Tenha em mente que a fraude online existe e ela fará parte da sua vida enquanto você receber pagamentos online. Vale entender como ela acontece e se proteger!